21 Ago 2016 23:46
2016 trouxe-nos uma nova versão de "O Livro da Selva". É, assim, inevitável recordarmos que existe uma outra versão do livro de Rudyard Kipling, em desenhos animados, com um lugar importante na história do “entertainment”. Foi lançada há quase meio século, em 1967, e tem a mesma chancela do novo filme — ou seja: os estúdios Disney.
Dirigido por Wolfgang Reitherman, um veterano dos estúdios Disney, nascido na Alemanha, "O Livro da Selva", de 1967, conta a história do órfão Mowgli como uma parábola sobre os humanos e animais, parábola que, ao mesmo tempo, tem qualquer coisa de filme musical — afinal de contas, essa era (aliás, era e é) uma imagem de marca dos estúdios Disney: combinar o gosto clássico da fábula com as leis do cinema musical [trailer da edição em Blu-ray].
O contexto não era fácil para a animação. Pelo menos desde "A Bela Adormecida", lançado em 1959, sentia-se que os estúdios Disney andavam à procura de um novo registo, em que o desenho sugerisse uma sensibilidade mais moderna, menos ligada às aguarelas dos anos 30/40. Nesse sentido, foi um filme em que o próprio Walt Disney se empenhou directamente. Mas já não viu os resultados finais: faleceu em Dezembro de 1966 e "O Livro da Selva" só viria a estrear cerca de um ano mais tarde.
Para a história, "O Livro da Selva" ficou como um objecto importante na evolução da produção de desenhos animados, mesmo se não tem o estatuto de clássico de "Pinóquio" (1940) ou "Bambi" (1942). Nos Oscars teve uma presença discreta, com uma única nomeação para a canção “Bare Necessities”, interpretada por Phil Harris.