2 Set 2017 1:44
Bastaria um filme de 1941, "O Mundo a seus Pés", o clássico dos clássicos assinado por Orson Welles, para inscrever o respectivo estúdio, a RKO, na grande história do cinema. Seja como for, a produção da RKO envolve centenas de títulos e, em particular, uma colecção de clássicos de pequeno orçamento na área do terror — o filme "Foge" (2017), de Jordan Peele, precisamente uma pequena produção de terror, pode ser visto como um dos actuais herdeiros do espírito da RKO.
"The Body Snatcher", entre nós chamado "O Túmulo Vazio", pode servir de símbolo do terror com chancela RKO. É uma produção de 1945 em que se cruzam alguns nomes essenciais. Primeiro, duas das grandes estrelas do género: Boris Karloff e Bela Lugosi. Depois, o produtor Val Lewton que foi o cérebro deste género de filmes no interior da RKO. Finalmente, o realizador, quase principiante, Robert Wise que vinte anos mais tarde iria dirigir… "Música no Coração".
"A Ilha dos Mortos", também de 1945, é outro exemplo da produção de Val Lewton, também com Boris Karloff, desta vez sob a direcção de Mark Robson — repetem-se os temas ligados a lugares assombrados, afinal fazendo passar uma das ideias fulcrais destes universos: a de que a Natureza, bem vistas as coisas, tem muito pouco de natural. Nesse aspecto, o cineasta mais especial da RKO terá sido Jacques Tourneur. O seu filme mais famoso é de 1942 e chama-se "A Pantera", no original "Cat People", com a inesquecível Simone Simon — a célebre cena da piscina é um clássico dentro de um clássico.
Nessa época, Jacques Tourneur dirigiu ainda títulos como "Zombie" e "O Homem Leopardo", vindo depois a distinguir-se também no chamado filme “noir”, sobretudo com o lendário "Out of the Past", de 1947, protagonizado por Robert Mitchum. Em qualquer caso, "A Pantera" continua a ser o seu filme mais famoso. Quarenta anos depois, portanto em 1982, deu origem a um “remake” de Paul Schrader, com Nastassja Kinski no papel central — na banda sonora, o clima de assombramento era pontuado por David Bowie.