Janet Jackson e Tupac Shakur — para além dos clichés dramáticos e morais

9 Set 2017 0:40

Recentemente evocado num filme não muito brilhante ["All Eyez on Me"], Tupac Shakur viveu uma vida breve, marcada por uma impressionante energia criativa. Quando foi assassinado, a 13 de Setembro de 1996, contava apenas 25 anos, mas tinha já construído uma obra pessoalíssima no espaço do hip hop, ao mesmo tempo deixando a sua marca, como actor, em alguns filmes emblemáticos — o mais importante foi, sem dúvida, "Poetic Justice".

Tupac Shakur participava na banda sonora de "Poetic Justice", mas de facto o essencial da sua presença era como actor. Tupac contracenava com a actriz principal, nada mais nada menos que Janet Jackson, precisamente a personagem chamada Justice que, tal como é sugerido no título original, possui um dom especial para a poesia — naturalmente, ela era também uma presença fundamental na banda sonora.



"Poetic Justice" teve em Portugal o título não muito feliz de "Fugir do Bairro". Em todo o caso, há que reconhecer que tal título reflecte a odisseia das personagens centrais, procurando, entre a realidade e a utopia, uma saída para uma existência menos limitada pelas fronteiras sociais e económicas das suas origens. Na banda sonora, escutávamos ainda, por exemplo, Snoop Dog, Coolio, Warren G. e The Isley Brothers.

Lançado em Julho de 1993, "Poetic Justice" foi uma das surpresas do Verão, conseguindo uma das melhores performances da produção independente desse ano. Foi também a confirmação de John Singleton como uma das figuras principais de um cinema apostado em encenar os afro-americanos para além de clichés dramáticos ou morais — tinha-se estreado dois anos antes, em 1991, com "A Malta do Bairro", vindo a assinar títulos como "Rosewood" (1998) ou "Shaft" (2001).

  • cinemaxeditor
  • 9 Set 2017 0:40

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