Maggie Gyllenhaal e o prémio de melhor argumento no Festival de Veneza 2021.

4 Fev 2022 18:35

A
estreia enquanto realizadora da atriz Maggie Gyllenhaal («A
Secretária», «Crazy Heart», «O Cavaleiro das Trevas») dá voz às pulsões
mais íntimas de uma mãe que optou pela vida pessoal e profissional, em
detrimento das obrigações domésticas e familiares. A história que quebra
tabus sobre a maternidade, foi escrita por Elena Ferrante, a misteriosa
autora da tetralogia «A Amiga Genial», já adaptada para cinema e série televisiva.

Em 2021, «A Filha Perdida» venceu o prémio de melhor argumento no festival de Veneza. O CINEMAX acompanhou a conferência de Imprensa da realizadora e argumentista Maggie Gyllenhaal.
"Estas são verdades secretas sobre o universo feminino, de alguma forma isto é uma experiência pela qual muita gente passa, mas
ninguem fala sobre isso. Eu senti-me muito reconfortada quando li sobre
isto no livro. Estas são verdades secretas sobre a vida feminina, e eu
gostei de poder falar sobre isso." Foi
assim que Maggie Gyllenhaal se referiu ao livro de Elena Ferrante (publicado em 2006) que
leu há alguns anos e que a deixou perturbada mas também reconfortada.
"Lembro-me de achar que aquela mulher era completamente louca, mas
depois percebi que me identificava com ela, pensei: será que eu sou
completamente louca? Ou será que de alguma forma aquilo relatava a
experiência pela qual muitas e muitas pessoas passam, mas sobre a qual
ninguém quer falar?"
No
filme Olivia Colman é Leda, uma mulher de meia idade que durante umas
férias solitárias à beira mar, relembra o passado e o facto de ter sido
mãe muito jovem, e a decisão que tomou na altura de não deixar que a
maternidade alterasse os planos da carreira e a sua vida pessoal.
Maggie
Gyllenhaal, também ela mãe de duas raparigas, sentiu-se atraída pela
história e pela ideia de partilhar com o mundo as pulsões mais intimas
do que significa ser mãe. A história desafiante de Elena Ferrante foi o
pretexto para se atrever a realizar, num processo que a atriz
considera muito semelhante ao trabalho de um ator, "porque implica
refletir sobre o que é a essência da história, e de que forma se
relaciona connosco".
Da
parte da escritora (cuja identidade permanece desconhecida por vontade
da mesma), Maggie Gyllenhaal recebeu a autorização para avançar, mas com
uma condição: "ela disse que sim, mas que o contrato ficava sem
efeito se eu não dirigisse o filme. Fiquei cheia de medo, porque achava
que podia ir passo a passo, primeiro escrever o argumento e depois ver o
que acontecia. Mas por outro lado, achei que havia uma espécie de voto
de confiança cósmico vindo do universo."

Um
retrato da maternidade imaginado no livro de Elena Ferrante, passado a
cinema por Maggie Gyllenhaal é um drama desafiante sobre o lado obscuro e
silencioso das mulheres que questionam o sentido e as opções de vida,
no momento em que se tornam mães.

  • Lara Marques Pereira
  • 4 Fev 2022 18:35

+ conteúdos