02 Set 2023
O realizador americano Wes Anderson apresentou na sexta-feira, no Festival de Cinema de Veneza, a sua adaptação em curta-metragem de “A História Maravilhosa de Henry Sugar”, de Roald Dahl, e manifestou-se contra a reescrita dos livros do autor britânico para remover linguagem considerada ofensiva.
“Se me perguntarem se Renoir deve ser autorizado a retocar qualquer um dos seus quadros, eu digo que não. Nem sequer quero que o artista altere a sua obra”, disse o realizador americano, distinguido com um prémio honorário.
“Compreendo a motivação (para suprimir palavras como “gordo” ou “louco”), mas sou daquelas pessoas que pensam que quando a obra está terminada, quando o público interage com ela, a conhece, então está terminada”, acrescentou Anderson, respondendo aos jornalistas.
“E ninguém para além do autor deve alterar o livro de outra pessoa – ele (Roald Dahl) está morto”, concluiu o realizador.
A curta-metragem de 40 minutos é protagonizada por Benedict Cumberbatch, Ben Kingsley, Dev Patel e Ralph Fiennes e conta a história de Henry Sugar, um homem que aprende a ver sem os olhos.
“É mais como uma pequena representação teatral que encontrámos uma forma de filmar”, explicou Anderson, que já realizou quatro adaptações curtas do autor para a Netflix, com o mesmo elenco.
O realizador já havia adaptado Dahl em 2009 com o filme de animação “O Fantástico Senhor Raposo”.
Em fevereiro, o anúncio de que as novas edições dos livros de Roald Dahl seriam suavizadas para eliminar a linguagem considerada ofensiva sobre temas como o peso, o sexo, a raça e a saúde mental gerou revolta. A editora britânica acabou por anunciar que continuaria a publicar as versões originais numa coleção especial.