14 Dez 2023
Greta Gerwig, realizadora de “Barbie” e figura de proa do cinema de autor americano, foi nomeada presidente da 77.ª edição do Festival de Cannes, anunciou hoje a organização. A cineasta de 40 anos, que é também atriz e argumentista, sucede ao sueco Ruben Östlund que, em maio deste ano, atribuiu a Palma de Ouro a “Anatomia de uma Queda”.
É “a primeira cineasta americana a assumir” este papel, segundo o festival, e a sua presença trará um sopro de juventude à Croisette: Cannes não tinha um presidente do júri tão jovem desde Sophia Loren que desempenhou esse papel aos 31 anos, em 1966.
É também a primeira mulher desde a atriz Cate Blanchett, em 2018, a assumir este prestigiado cargo, onde os homens continuam a estar sobre-representados, com exceções notáveis como Jane Campion e Isabelle Huppert.
“Amo profundamente os filmes”, afirmou a realizadora americana num comunicado do festival. “Adoro fazê-los, adoro ir vê-los, adoro falar sobre eles durante horas. Como cinéfila, Cannes sempre foi para mim o auge do que a linguagem universal do cinema pode representar”.
Esta semana, também a Berlinale anunciou a sua presidente do júri, também ela com 40 anos, a atriz Lupita Nyong’o, a primeira pessoa negra a ocupar o cargo.
O anúncio de Cannes, surge mesmo antes do início da corrida aos Óscares, que viu a cerimónia ser adiada para 10 de março após seis meses de uma greve histórica que paralisou Hollywood. Uma temporada de prémios para a qual Greta Gerwig é uma das favoritas. No primeiro grande passo em direção aos prémios da academia norte-americana, “Barbie”, protagonizado por Margot Robbie e Ryan Gosling, foi nomeado para nove categorias nos Globos de Ouro, tradicionalmente os segundos galardões mais importantes da temporada.
Em todo o caso, Gerwig já conquistou o público ao entrar para a história de Hollywood como a realizadora mais rentável, a primeira a assinar um filme que ultrapassou os mil milhões de dólares de bilheteira. Lançado no verão, o filme soma mais de 1,44 mil milhões de dólares em todo o mundo.
Para além desta comédia delirante com uma mensagem feminista, de cujo argumento é uma das autoras, Greta Gerwig afirmou-se como “a musa do cinema independente americano”, como sublinha o festival.
Em 2017 realizou “Lady Bird”, comédia sobre a adolescência, com Saoirse Ronan. Voltou a reunir-se com a atriz, acompanhada por Emma Watson, Florence Pugh e Laura Dern, para a sua adaptação modernizada do clássico da literatura americana, “Mulherzinhas” (2020).
De momento está a preparar uma adaptação de “O Mundo de Nárnia” para a Netflix, mas também protagonizou mais de vinte filmes, incluindo a comédia “Frances Ha”, escrita com o seu parceiro, o realizador Noah Baumbach, e o filme de Baumbach “White Noise”, ao lado de Adam Driver.
“Greta Gerwig encarna corajosamente a renovação do cinema mundial”, declarou a presidente do festival, Iris Knobloch, e o delegado geral, Thierry Frémaux. “Para além da sétima arte, ela é também a representante de uma era que remove fronteiras e mistura géneros para promover a inteligência e o humanismo”.
Ao nomear Greta Gerwig, o festival reforça igualmente as ligações com a poderosa indústria americana. A nomeação de Iris Knobloch, antiga presidente da Warner, no ano passado, reforçou a lua de mel entre Hollywood e a Croisette. Este ano, Cannes assistiu ao regresso de lendas como Harrison Ford (“Indiana Jones”) e Martin Scorsese (“Killers of the Flower Moon”).
Nos próximos meses, o festival deverá ainda revelar a composição do resto do júri e a lista dos filmes da seleção oficial.