09 Mai 2024
A Filmoteca do Batalha – Centro de Cinema, no Porto, vai integrar 66 filmes encontrados recentemente, destacando-se documentários dos anos 1950 aos 1980, anunciou hoje a Câmara Municipal.
As obras, que se vão juntar aos mais de 100 títulos que já integram aquela coleção e que foram apresentadas esta manhã, são na sua maioria em 35 milímetros e foram encontradas “nos arquivos da esfera municipal”.
Em comunicado, a Câmara Municipal do Porto referiu que o lote de títulos encontrados regista diversos momentos da vida da cidade do Porto, desde a construção de edifícios e visitas de figuras do Estado, até festas populares, inaugurações e cerimónias de casamento.
“Aquilo que estamos a fazer, no fundo, prolonga uma experiência de divulgação de arquivos mortos da cidade e transformação em arquivos vivos. Fez-se isso com a Fonoteca, com a música, e estamos a fazer agora o mesmo com um arquivo que estava guardado num baú. Felizmente estava bem tratado, mas não havia possibilidade de visualização”, referiu no texto o presidente da autarquia, Rui Moreira.
Entre as películas encontradas estão duas curtas-metragens restauradas numa parceria entre as Águas do Porto e a Cinemateca Portuguesa, relacionadas com o sistema de abastecimento de água à cidade do Porto entre 1933 e 1953, que tinham sido dadas como perdidas até 2015 e que foram encontradas “no subsolo de um casebre situado nos Jardins de Nova Sintra”.
Segundo a autarquia, estas obras podem agora ser vistas na Filmoteca, um projeto dedicado ao património fílmico do Porto, inaugurado com a reabertura do Batalha.
No total, o público pode ver uma coleção de 173 filmes ligados à cidade do Porto, desde géneros específicos do cinema (animação, documentário, ficção) até filmes experimentais, jornais de atualidades, séries televisivas e até videoclipes.
“A Filmoteca é um projeto que está preparado agora para ter uma dimensão pública e programática que achamos que até então não faria sentido, porque estivemos a construí-lo progressivamente e até um pouco de forma silenciosa”, disse, citado no mesmo texto, o diretor artístico do Batalha Centro de Cinema, Guilherme Blanc.
O responsável refere também que, em setembro de 2024, haverá um momento de apresentação pública de parte do espólio da Filmoteca: “É interessante pensar como é que o arquivo pode ser dinamizado, além de ser disponibilizado no espaço da Biblioteca. Uma das ideias que vamos apresentar é uma espécie de festival de praça em que vamos instalar filmes da Filmoteca em diversos espaços comerciais da cidade na envolvência do Batalha, criando uma espécie de roteiro”.
Daquela coleção, a autarquia destaca “obras primordiais” do cinema de animação do Porto – como “Oh que Calma” (1985), de Abi Feijó, ou “A Noite” (1999), de Regina Pessoa – , o único registo audiovisual conhecido do crítico e historiador de cinema portuense Henrique Alves Costa e quatro filmes raros produzidos no âmbito da iniciativa Porto 2001.
Salientam-se, ainda, filmes premiados, comissariados pelo município e pelo Batalha, como “Russa” (2018), de João Salaviza e Ricardo Alves Jr., “Cães que Ladram aos Pássaros” (2019), de Leonor Teles, e “2720” (2023), de Basil da Cunha.
Desde a sua abertura, a Filmoteca vem a expandir o seu acervo com a aquisição de filmes de artista, com obras de Ângelo de Sousa, André Sousa, Catarina Alves Costa, Fernando José Pereira, Filipa César, João Sousa Cardoso, José Simões, Manuela dos Campos, Mauro Cerqueira e Tânia Dinis.