30 Ago 2024
As maiores estrelas de Hollywood regressaram ao Festival de Cinema de Veneza após a greve que afetou a edição do ano passado, mas não estão disponíveis para dar entrevistas, segundo dezenas de jornalistas internacionais acreditados no mais antigo festival do mundo, que estão preocupados com o futuro da sua profissão.
Angelina Jolie, Nicole Kidman, Winona Ryder e Willem Dafoe já chegaram a Veneza, que ainda está à espera de Brad Pitt e George Clooney, mas as oportunidades de os entrevistar são extremamente raras, denunciaram estes jornalistas numa carta aberta assinada por uma centena de profissionais.
As entrevistas programadas, praticamente desapareceram este ano, e os jornalistas têm de se contentar com as declarações obtidas nas conferências de imprensa, cujo acesso também é limitado e durante as breves aparições na passadeira vermelha.
Um assessor de imprensa que trabalha num grande filme disse à AFP que considera a decisão “lamentável”, enquanto um assessor de imprensa francês explicou que os espaços para entrevistas estavam agora a ser faturados a um custo que os distribuidores franceses não podiam pagar.
Face à comercialização, “o jornalismo cinematográfico corre o risco de se extinguir”, receiam os autores da carta, que sublinham que as entrevistas contribuem para manter vivos os filmes e a cinefilia.
Esta tendência para evitar a imprensa “tem aumentado desde há algum tempo, também noutros festivais como Cannes e Berlim”, lamentam, manifestando particular preocupação com os rendimentos dos jornalistas independentes.
As mesmas preocupações já tinham surgido no Festival de Cannes: um dos principais sindicatos de jornalistas em França, denunciou num comunicado a proliferação de curtas entrevistas com poucos minutos onde “nada sobressai”, a precariedade da profissão e a pressão exercida por certas produções sobre jornalistas que escreveram críticas negativas.
Foto: Andrea Avezzù La Biennale di Venezia – Foto ASAC