9 filmes para redescobrir os ingleses da “Nova Vaga”
O mercado cinematográfico continua a oferecer a possibilidade de (re)descobrirmos títulos fundamentais de períodos historicamente emblemáticos — agora é a vez da "Nova Vaga" inglesa.
Face à situação de pandemia, sejamos, de uma só vez, realistas e pragmáticos. Assim, é verdade que o mercado está carente de títulos provenientes da grande produção americana: "bons" ou "maus" (por certo, "bons" e "maus"), o seu papel financeiro é incontornável. Ao mesmo tempo, não é menos verdade que as recentes performances de diversas salas independentes — por exemplo, Nimas e Ideal, em Lisboa, ou Trindade, no Porto — confirmam algo que alguma crítica não tem deixado de sublinhar ao longo das últimas décadas: a importância de programações alternativas, em particular na recuperação de memórias mais ou menos distantes, historicamente fundamentais.
* TONY RICHARDSON (1928-1991) — Terá sido um dos que, através de ficções de grande elaboração dramática, mais directamente reflectiu a riquíssima herança documental britânica. Com sua assinatura poderemos ver "A Taste of Honey/Uma Gota de Mel" (1961), expondo os temas fracturantes de uma nova juventude, e "The Loneliness of the Long Distance Runner" (1962), retrato da classe trabalhadora através da figura simbólica de um jovem internado num reformatório. Elemento fundamental na visão de Richardson é o subtil trabalho com os actores de uma nova geração — Rita Tushingham e Tom Courtenay, respectivamente. Tal atitude confirma-se no bizarro, desigual mas sedutor "Ned Kelly" (1970), biografia dramática & burlesca de um lendário fora-da-lei australiano da segunda metade do século XIX, com… Mick Jagger!
* RICHARD LESTER (n. 1932) — Nascido nos EUA, mas indissociável da dinâmica da produção inglesa da época, foi o cineasta que filmou os Beatles nos inesquecíveis "A Hard Day’s Night" (1964) e "Help!" (1965). Está representado por "The Knack… and How to Get It/Lições de Sedução" (1965), também com Rita Tushingham, retrato íntimo e profundamente sarcástico da "revolução sexual" — Palma de Ouro em Cannes.
* ALEXANDER MACKENDRICK (1912-1993) — Outro americano com um lugar fundamental na história do cinema inglês, surge através de um belíssimo filme de aventuras, com piratas do século XIX: "A High Wind in Jamaica/Tempestada na Jamaica" (1965). Também representado através de "Sweet Smell of Success/Mentira Maldita" (1957), na verdade uma produção visceralmente "hollywoodiana"… mas um prodigioso e contundente da coexistência perversa de relações públicas e jornalismo.