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02 Set 2025

A norte-americana Kathryn Bigelow lançou “A House of Dynamite” no Festival de Cinema de Veneza, esta terça-feira, dizendo esperar que o thriller tenso faça soar o alarme sobre o perigo sempre presente de uma catástrofe nuclear.

No primeiro filme em oito anos, a realizadora traça o lançamento de um míssil balístico solitário e não identificado em direção aos Estados Unidos, desencadeando uma corrida desesperada para descobrir quem é o responsável e como responder.

“Esta é uma questão global, tal como a situação das armas nucleares”, disse Bigelow, que em 2010 se tornou a primeira mulher a receber o Óscar de melhor realizadora pelo seu filme sobre a guerra do Iraque “The Hurt Locker”.

“Talvez um dia possamos reduzir o arsenal nuclear. Entretanto, estamos a viver numa casa de dinamite”, disse Bigelow numa conferência de imprensa, ao lado de algumas das suas estrelas, incluindo Idris Elba e Rebecca Ferguson. “Como é que aniquilar o mundo é uma boa medida de defesa?”, acrescenta.

O filme acompanha os 18 minutos que o míssil demora a ser lançado do Pacífico até chegar a Chicago, desenrolando-se através dos olhos de uma miríade de funcionários – do presidente dos EUA a uma equipa anti-míssil, sediada no Alasca, passando por militares que trabalham no Comando Estratégico dos EUA.

“Há pessoas incrivelmente competentes a trabalhar num prazo infinitesimalmente curto, e o destino do mundo está em jogo”, disse Bigelow.

O último grande filme de Bigelow foi o drama histórico criminal “Detroit”, de 2017. Antes disso, dramatizou a caça de uma década a Osama bin Laden em “Zero Dark Thirty”.

Com “A House of Dynamite”, Bigelow revisita a narrativa arrebatadora e politicamente ressonante que definiu o seu trabalho mais célebre.

Os analistas da defesa acreditam que existem cerca de 13 mil armas nucleares no mundo, nas mãos de nove países – ogivas mais do que suficientes para destruir a vida na Terra muitas vezes.

“Construímos este armamento que pode acabar com toda a vida e, francamente, é um milagre que ainda não tenha acontecido algo de horrível. Muitas destas armas estão num sistema de prontidão imediata em países como o nosso”, disse o argumentista Noah Oppenheim, antigo presidente da NBC News.

Os membros do elenco confessaram que retratar personagens apanhados numa crise nuclear foi angustiante: “Aprendi que não tenho coragem de estar na política”, desabafou Elba, que interpreta o presidente dos EUA. Jared Harris, que interpreta o secretário de defesa dos Estados Unidos, fez eco desse sentimento. “Estou grato por nunca ter sido colocado nessa situação”, disse.

“A House of Dynamite” é um dos três filmes que a Netflix está a exibir em Veneza. Os outros dois são “Frankenstein”, de Guillermo del Toro, e “Jay Kelly”, de Noah Baumbach.

Concorrem ao Leão de Ouro, que será entregue a 6 de setembro.

  • António Quintas
  • 02 Set 2025 20:36

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