27 Abr 2019 0:48
Realizador, argumentista, produtor, o brilhante Jordan Peele tem-se afirmado como um genuíno explorador das regras clássicas do género de terror — primeiro com o filme “Foge”, que em 2018 lhe valeu um Oscar de melhor argumento original, em 2019 com o perturbante “Nós”.
Estava-se em 1968. O realizador George A. Romero (1940-2017), à parte algumas pequenas produções publicitárias e industriais, pois bem, ainda não era um realizador… A ideia para “A Noite dos Mortos Vivos” surgiu do diálogo com alguns amigos e era muito simples: um grupo de cidadãos refugia-se numa quinta tentando proteger-se de uma vaga de zombies que ameaça a costa Leste dos EUA…
O filme impôs-se como uma proeza de austeridade financeira e minimalismo formal. Feito com escassos meios de produção, “A Noite dos Mortos Vivos” encena um confronto violento entre zombies e humanos, num delírio que lhe vai conferindo a dimensão de uma parábola sobre a própria sobrevivência da raça humana — tudo isso filmado em imagens a preto e branco com um estranho e envolvente apelo onírico.
Para compreendermos os temas viscerais da América dos anos 60/70, para ligarmos as suas componentes de medo, paranóia e utopia, “A Noite dos Mortos Vivos” é, continua a ser, um objecto fundamental — aliás, em 1999, foi integrada na colecção oficial da Biblioteca do Congresso dos EUA.