14 Out 2017 21:54
Goste-se ou não do mais recente filme de Darren Aronovsky, intitulado “Mother!” (“Mãe!”), uma coisa é certa: as suas peripécias reavivaram a memória de algumas histórias de uma maternidade assombrada. Mais do que isso: de um assombramento que faz pensar num processo ritual de convocação do mal. E não podemos deixar de citar aquele que continua a ser, muito provavelmente, o mais famoso filme de Roman Polanski — “Rosemary’s Baby”, ou seja, entre nós, “A Semente do Diabo”.
Em termo simples, “A Semente do Diabo” é a história de uma invasão — invasão física, psicológica, moral. A vida de um casal de Nova Iorque vai sendo marcada pela presença de alguns vizinhos que, a pouco e pouco, vão ocupando o espaço conjugal, no limite, ameaçando o bebé que vai nascer — em resumo, um melodrama que se transforma em filme de terror.
John Cassavetes e Mia Farrow são os magníficos intérpretes do casal — ele já com uma importante trajectória como actor e também realizador do novíssimo cinema novaiorquino; ela uma quase principiante cujo nome seria projectado, precisamente por “A Semente do Diabo”. De qualquer modo, no elenco, seria a veterana Ruth Gordon (no papel da mais inquietante das vizinhas) a receber o maior reconhecimento: nada mais nada menos que o Oscar de melhor actriz secundária.
Por esta altura, Roman Polanski era um dos símbolos mais fortes do novo cinema polaco. Nos EUA, já tinha realizado “Por Favor, Não me Morda o Pescoço” (1967), um filme de vampiros em tom de paródia. “A Semente do Diabo” consagrou-o como personagem de Hollywood. Consigo tinha levado um grande talento do jazz e da música para cinema — o pianista Krzysztof Komeda: é ele que assina a notável banda sonora de “A Semente do Diabo” .