21 Nov 2018 19:42

Será que já não acreditamos na força documental das imagens? Eis uma pergunta que se justifica face a um filme como “Mais um Dia de Vida”, sobre o trabalho jornalístico do polaco Riszard Kapucinski em Angola, durante os confrontos de 1975 — afinal de contas, trata-se de um filme documental e em desenhos animados. Em boa verdade, a experiência já tinha sido tentada e com resultados surpreendentes: aconteceu em 2008 no filme israelita “A Valsa com Bashir”.

O realizador de “A Valsa com Bashir”, Ari Folman, evoca a Guerra do Líbano e, mais concretamente, o massacre de Sabra e Shatila, em 1982, num momento em que ele próprio era um soldado de 19 anos de idade. Mais do que uma encenação da guerra, trata-se de uma viagem de retorno às memórias dessa guerra, procurando ajustar contas com os fantasmas do passado.

Não é fácil definir o impacto visual e a intensidade emocional de um filme como “A Valsa com Bashir” — as imagens têm o artifício próprio de qualquer desenho animado mas, ao mesmo tempo, há um perturbante efeito de verdade em todas aquelas evocações. A música original, composta por Max Richter, ecoa de forma dramática essa verdade e as suas tragédias.


Para a história, “ A Valsa com Bashir” ficou com uma invulgar e ousada experiência narrativa, por um lado, evocando um momento muito específico da história do Médio Oriente, por outro lado, funcionando como um libelo contra os horrores da guerra. Na banda sonora do seu filme, Ari Folman integrou mesmo uma canção que é também um panfleto pacifista. Foi lançada em 1980 pela banda britânica Orchestral Manoeuvres in the Dark, nela se evocando o avião que, a 6 de Agosto de 1945, lançou uma bomba atómica sobre Hiroshima — o título é o próprio nome com que o avião foi baptizado: “Enola Gay”.

  • cinemaxeditor
  • 21 Nov 2018 19:42

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