Sidney Poitier — uma presença emblemática de Hollywood, anos 60

1 Fev 2019 19:12

Em 2018, através do filme “Green Book”, o cinema americano voltou a confrontar-nos com a história das relações entre brancos e negros, desta vez no Sul dos EUA, no começo da década de 1960. Vale a pena lembrar que, independentemente dos seus méritos, tal abordagem não é uma novidade gerada pelas mais recentes formas de militância. Em Hollywood, há mesmo uma longa tradição de cinema realmente social, em particular na abordagem do racismo.

"Adivinha Quem Vem Jantar?" é uma produção com mais de meio século, lançada na quadra natalícia de 1967. Há nele vários elementos — a começar pela música composta por Frank de Vol — que parecem corresponder aos condimentos de uma típica love story. Assim é, de facto. Trata-se da história de um jantar, como sugere o título — uma jovem vai apresentar o seu noivo aos pais: ela é branca, ele é negro.

Ele é Sidney Poitier, o noivo; a noiva é interpretada pela estreante Katharine Houghton; os pais da noiva são os veteranos Katharine Hepburn e Spencer Stracy. Através do seu diálogo emerge uma questão central, desconcertante e, por último, fascinante — é que para a jovem branca que se quer casar com um homem negro, a diferença da cor da pele não conta; essa diferença é-lhe indiferente e tal singeleza humana desafia as barreiras de uma sociedade marcada por muitas divisões.

Produzido e realizado por Stanley Kramer, “Adivinha Quem Vem Jantar?” ficou como um símbolo exemplar das convulsões temáticas que estavam a acontecer em Hollywood, na segunda metade dos anos 60. Vale a pena lembrar que 1967 foi também o ano de filmes como “No Calor da Noite”, um policial (também com Poitier), “A Primeira Noite”, um perverso melodrama, e ainda do revolucionário “Bonnie e Clyde”. Para a história da música nos filmes, “Adivinha Quem Vem Jantar?” ficou também célebre através de uma canção — uma canção romântica celebrando a "glória do amor".


  • cinemaxeditor
  • 1 Fev 2019 19:12

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