05 Set 2023

Quando se trata de acolher migrantes e refugiados, a Europa está a “perder as suas convicções”, avisou a realizadora Agnieszka Holland, uma das grandes vozes do cinema polaco, na terça-feira, em Veneza, com um filme chocante sobre o assunto.

A realizadora de 74 anos está na corrida ao Leão de Ouro do festival com “Green Border”, um filme a preto e branco que não faz concessões sobre o tema dos migrantes desviados entre a Polónia e a Bielorrússia em 2021 e é também uma forma de alertar os europeus para as suas responsabilidades.

“Acredito que a crise dos migrantes e dos refugiados é a crise e o desafio que irá moldar o futuro da Europa”, afirmou a cineasta na conferência de imprensa.

O filme, que mostra guardas fronteiriços, trabalhadores humanitários e migrantes envolvidos num jogo diplomático entre a Bielorrússia e a União Europeia que os ultrapassa, tem como objetivo “fazer justiça e dar voz aos que foram silenciados”.

“Acredito que a Europa está a perder as suas convicções, que a Europa está assustada, que as pessoas e as sociedades têm medo de mudanças drásticas na sua zona de conforto”.

Por outro lado, “ditadores como (Vladimir) Putin compreenderam claramente o ponto fraco da consciência europeia”, continua.

A realizadora, cujo filme pretende ter um efeito de choque, acredita que, sem consciência, a Europa “transformar-se-á numa espécie de fortaleza onde nós, europeus, mataremos as pessoas que procuram juntar-se ao nosso continente”.

Agnieszka Holland, nomeada várias vezes para um Óscar, viveu entre a Alemanha, a Polónia e a França, onde se instalou em 1981, após a declaração do estado de sítio no seu país, antes de se mudar para os Estados Unidos, onde realizou episódios de séries de sucesso como “The Wire”, “The Killing” e “House of Cards”.

  • António Quintas
  • 05 Set 2023 18:45

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