16 Jan 2025
“Ainda Estou Aqui”, filme de Walter Salles, é uma das primeiras estreias do ano. Foi premiado no Festival de Veneza, onde recebeu o prémio de melhor argumento, e nos Globos de Ouro, com a protagonista Fernanda Torres a ser reconhecida como melhor atriz dramática pelo desempenho como Eunice.
O filme foi igualmente um grande sucesso comercial no Brasil. Fechou 2024 como o quinto filme mais visto. Ao mesmo tempo, foi a única produção local entre o top 10, com mais de 3 milhões de espectadores e uma receita de bilheteira de cerca de 220 milhões de reais (36 milhões de euros), segundo a Agência Nacional de Cinema (ANCINE).
É o maior resultado de uma produção brasileira desde a pandemia e um dos grandes responsáveis pelo bom desempenho do cinema brasileiro em 2024, com uma quota de mercado que chegou aos 10,5%.
Para Walter Salles, “Ainda Estou Aqui” tornou-se o maior sucesso comercial da sua carreira ao ultrapassar os 1,6 milhões de espectadores de “Central Brasil”, estreado em 1998.
Ao recuperar memórias dolorosas dos tempos da ditadura militar (1964-1985), “Ainda Estou Aqui” agitou a sociedade e enfrentou críticas de setores que ainda negam a existência de repressão. Falou-se mesmo de boicote ao filme por parte da extrema-direita associada ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
O boicote não passou das intenções e o cinema brasileiro, tão mal tratado no tempo do anterior governo, parece atravessar uma boa fase.
Cinema brasileiro em alta
Não é só a nível internacional que o cinema brasileiro se tem destacado.
O número de produções brasileiras dobrou relativamente ao ano anterior e o total de espectadores nas salas passou dos 114 milhões em 2023 para os 121 milhões em 2024.
Também o número de salas de cinema aumentou. A 1 de janeiro de 2025 o país tinha mais de 3 500 salas ativas, 31 salas mais do que antes da pandemia.
As primeiras semanas de 2025 continuam a demonstrar que há filmes e público para o cinema brasileiro. O primeiro sucesso do novo ano está a ser “O Auto da Compadecida 2”, baseado na peça do escritor nordestino Ariano Suassuna, que já vai nos 2,7 milhões de espectadores, ultrapassou a audiência do filme original e lança outro ano positivo para o cinema de produção brasileira.