

Amanda Seyfried: de “Mamma Mia!” a líder religiosa em “The Testament of Ann Lee”
A atriz britânica dá vida à líder dos Shakers do século XVIII num filme que combina drama, música e dança ritual.
Amanda Seyfried, a estrela bem disposta dos filmes “Mamma Mia” surge num papel bastante diferente em “The Testament of Ann Lee” que estreou segunda-feira no Festival de Cinema de Veneza.
O drama da realizadora norueguesa Mona Fastvold, segue Lee desde a época como trabalhadora infantil no norte de Inglaterra nos anos 1700 até se tornar a líder celibatária de uma seita cristã radical na América conhecida como os Shakers.
“Quantas histórias já vimos sobre ícones masculinos em grande escala? Quantas histórias, uma e outra e outra vez? Será que não podemos ver uma história sobre uma mulher como esta?”, disse a cineasta aos jornalista durante a conferência de imprensa.
Fastvold revela que escolheu Seyfried para o exigente papel principal devido à capacidade que a atriz tem de aceder às qualidades gentis e ferozes que a personagem exigia.
“Ela é um pouco louca”, brincou a realizadora. “Sabia que ela conseguia aceder a essas emoções – bondade, gentileza, ternura. E que também podia chegar a esse poder e a essa loucura.”
Seyfried confirma que se sentiu com poder no set para se libertar quando a personagem entra num estado de transe marcado por atos de devoção extáticos, trémulos e exuberantes, que acabaram por dar o nome aos Shakers.
“Vale tudo porque há muita liberdade, e a única ameaça é não usar essa liberdade a nosso favor como artista para ir tão fundo quanto possível e fazer os sons mais loucos. Nunca me tinham deixado solta desta forma”.
A americana reconhece que tentou convencer Fastvold a dar preferência a uma atriz britânica para o papel: “Estava sempre a dizer-lhe para escolher alguém inglês porque o sotaque parecia muito difícil. E essa não foi a parte mais difícil, mas eu vi o amor que a Mona tinha. Este era o seu bebé e eu não queria estragar tudo”.
Apesar de não ser um musical no sentido convencional, o filme incorpora com frequência os movimentos coreografados e as canções rítmicas e repetitivas inspiradas nos rituais Shaker, com base em cerca de mil hinos originais.
A Sociedade Unida dos Crentes na Segunda Aparição de Cristo (mais conhecidos como os Shakers), tornaram-se conhecidos pelo celibato rigoroso e pela igualdade de género. As suas comunidades enfatizavam a simplicidade, o trabalho coletivo, a devoção espiritual, e também se tornaram célebres pela sua arquitetura simples e mobiliário de madeira.
Brady Corbet, co-argumentista, marido de Fastvold e realizador de “O Brutalista”, exibido em Veneza no ano passado, disse que assegurar o financiamento foi um desafio.
“O nosso produtor conseguiu fazer este filme por 10 milhões de dólares. A apresentação de um musical Shaker não foi a coisa mais fácil de conseguir”, disse.
“The Testament of Ann Lee” é a terceira longa-metragem de Fastvold depois de “The Sleepwalker” em 2014 e “The World to Come” em 2020. É um dos 21 filmes que concorrem ao prémio máximo do Leão de Ouro do Festival de Veneza, que será atribuído a 6 de setembro.