25 Set 2023
Os argumentistas de Hollywood, cuja greve paralisou o sector durante quase cinco meses, anunciaram no domingo que chegaram a um acordo com os estúdios que lhes poderá permitir regressar ao trabalho.
“Chegámos a um acordo de princípio sobre um novo (acordo mínimo de base) para 2023, o que significa um acordo de princípio sobre todos os pontos do acordo, sujeito à redação final do contrato”, refere a carta que o Sindicato dos Argumentistas de Hollywood (WGA) enviou aos seus membros.
“Podemos dizer com grande orgulho que se trata de um acordo excecional, com ganhos e proteções significativas para os argumentistas de todas as indústrias associadas”, afirma o WGA.
A carta não fornece pormenores sobre o acordo, mas afirma que os detalhes estão a ser trabalhados e que a palavra final caberá aos filiados.
“Para sermos claros, ninguém regressa ao trabalho até que o Sindicato o tenha autorizado expressamente. Até lá, continuamos em greve. Mas, a partir de hoje, suspendemos os piquetes da WGA”, acrescentou o sindicato.
Milhares de argumentistas de cinema e televisão largaram o trabalho no início de maio para exigir melhores salários, melhores compensações pela criação de programas de sucesso e proteção contra a inteligência artificial.
Há meses que fazem piquetes junto de empresas como a Netflix e a Disney. Os atores juntaram-se à greve em meados de julho e paralisaram a indústria do entretenimento.
As negociações mantiveram-se paradas durante semanas até que, nos últimos dias, os diretores da Netflix, Disney, Universal e Warner Bros Discovery decidiram participar pessoalmente nas conversações.
Entre as reivindicações, os argumentistas alegam que os seus salários não acompanharam a inflação. Querem também ganhar muito mais quando um dos seus filmes ou séries é um êxito numa plataforma de streaming, em vez de receberem um pagamento único, geralmente baixo e independente da popularidade do programa.
Atores e argumentistas querem igualmente salvaguardas contra a utilização da inteligência artificial: os atores receiam que a sua imagem ou voz sejam clonadas, enquanto os argumentistas receiam que a IA possa ser utilizada para escrever guiões, ou que o seu trabalho seja utilizado para treinar máquinas de inteligência artificial.
No início de setembro, o Financial Times publicou um estudo do Milken Institute que estimava em 5 mil milhões de dólares o custo do atual impasse em Hollywood.
Mesmo que o acordo com os argumentistas seja concluído, a greve dos atores vai continuar.
O seu sindicato, SAG-AFTRA, a associação de atores, que conta com 160 mil membros, não fala com as entidades patronais desde meados de julho.
Apesar do silêncio entre as partes, os dois sindicatos partilham muitas das mesmas reivindicações e a imprensa especializada acredita que um acordo com o WGA poderá abrir caminho para uma resolução da greve dos atores.