17 Mai 2014 0:06
Atom Egoyam ressurgiu com o seu 14º filme na competição do festival de Cannes, propondo um tema delicado e que foi abordado em dois filmes surpreendentes que foram exibidos nas recentes edições – "A Caça" de Thomas Winterberg, e "Michael", de Markus Schleinzer.
Curiosamente não estamos perante o mesmo filme. Em "Captives", Atom Egoyam aborda o tema genérico do rapto e abuso sexual de menores através do impacto na família, da competência da investigação policial, e da relação entre o raptor e o menor.
Egoyam experimenta o thriller como uma espécie de fantasia anestesiada onde não acontece nada de verdadeiramente pertubador ou incómodo. O filme multiplica os ângulos de abordagem e até confronta o espectador com uma nova forma de crueldade, pemitindo que o raptor observe o sofrimento dos pais através de um sistema de vigilância. É curioso que nem esse elemento bizarro seja capaz de provocar uma sensação incómoda em relação ao que sucede.
Egoyam retoma os temas usuais da vigilância excessiva no mundo moderno e do voyeurismo num filme onde revela uma falta de sensibilidade enorme para lidar com o assunto, com um argumento nada subtil, e com uma direção de atores desastrada e que torna a presença no elenco de Ryan Reynolds num equívoco tremendo.
O realizador canadiano ressurge na competição de Cannes sem recuperar o fulgor de "Exotica", "O Futuro Radioso" e "A Viagem de Felícia", os filmes que o afirmaram como um observador inteligente da identidade num contexto familiar ou social bizarro.