04 Jan 2025
Em 2024, as receitas de cinema nos EUA e Canadá foram estimadas em 8,72 mil milhões de dólares, 3% abaixo dos 9 mil milhões de 2023, mas ligeiramente acima do esperado, segundo cálculos da Comscore, empresa de recolha e análise de dados de bilheteira.
As greves de argumentistas e atores afetaram a indústria no início do ano, mas os lançamentos a partir do verão permitiram uma recuperação significativa.
“Divertida-mente 2” liderou a tabela de box office norte-americana com 653 milhões de dólares. Seguiu-se “Deadpool & Wolverine” ($637M) e “Wicked” ($433M). “Vaiana 2” foi o quarto filme com maior receita ($404M) à frente de “Gru O Maldisposto 4” ($361M).
Entre os países europeus, os primeiros números revelam tendências diversas. No Reino Unido, a descida foi marginal (meros 0,2%) enquanto que na Espanha a receita caiu 2% e o número de espectadores desceu 5% com a animação a representar cinco das 10 obras mais vistas e a quota da produção interna a subir para 19%.
No mercado italiano, as receitas em 2024 estiveram em linha com os valores de 2023 com um total de 493 milhões de euros (-0,4%), mas os cerca de 69,7 milhões espectadores registados representam uma quebra de 1,3% em comparação com o ano passado. A quota de mercado de filmes locais foi de 25.6%.
Por outro lado, a França lidera a recuperação europeia após a pandemia. Registou um crescimento de 0,5% face a 2023, totalizando 1,36 mil milhões de euros e 181,3 milhões de bilhetes vendidos, que dá continuidade a outro ano de aumento nas idas às salas, sustentado nas produções locais.
Em 2024, os filmes franceses alcançaram uma quota de mercado recorde de 44,4%, superando os 36,7% dos filmes americanos.
O líder do box office francês em 2024 foi a comédia “Un p’tit truc en plus”, que vendeu 10,8 milhões de bilhetes. Outros sucessos gauleses incluem “O Conde de Monte Cristo” (9,4 milhões) e “L’Amour Ouf” (4,8 milhões). Entre as produções americanas, “Divertida-mente 2” vendeu 8,4 milhões de bilhetes e “Vaiana 2” 6,7 milhões.
Olivier Henrard, presidente interino do CNC, atribui os bons resultados ao sucesso do modelo cultural francês, baseado em quotas para filmes locais e políticas de incentivo financeiro.
Mesmo assim, a bilheteira em França ainda está 12,8% abaixo dos níveis de 2019.
Na Ásia, a previsão de receitas de bilheteira japonesas ficaram aquém do total de 2023, estimado em 200 mil milhões de ienes (cerca de 1,27 mil milhões de dólares). Também em descida esteve a Coreia do Sul, onde o total de receitas de bilheteira em 2024 foi de 812,3 milhões de dólares, uma queda de 5,6% relativamente ao ano anterior. As longas-metragens locais conquistaram 58% da quota de mercado.
Os desafios permanecem. O excesso de sequelas, a falta de ideias originais e a concentração de recursos em grandes produções voltadas para crianças e jovens, aliadas à concorrência do streaming (que sofre dos mesmos problemas com a agravante de apostar na quantidade sem olhar à qualidade) podem ser os maiores travões à recuperação do cinema em sala.
Previsões para 2025
Em 2025, espera-se uma recuperação de 8% nas receitas globais de bilheteira em relação a 2024, segundo a Gower Street Analytics citada pela Screen International.
Apesar do crescimento, este valor ainda estará 14% abaixo da média combinada dos anos pré-pandemia (2017-2019) e 3% abaixo de 2023 (valores que têm em conta o histórico das taxas de câmbio).
Nos EUA, o mercado cinematográfico deve crescer 9%.
No resto do mundo (excluindo a China), as receitas devem crescer 7% em relação a 2024. Europa, Médio Oriente e África devem crescer 6%, a zona da Ásia-Pacífico (excluindo a China) pode melhorar 8%, e a América Latina deve avançar 7%.
Por fim, a China, que por motivos políticos optou por mostrar menos filmes de Hollywood, deverá atingir 6,6 mil milhões de dólares, um aumento de 9% face a 2024.
Apesar do crescimento, as estimativas ainda ficam aquém das médias anteriores à crise.
Para não variar, os filmes com maior potencial para 2025 são continuações de êxitos anteriores: “Avatar”, “Missão: Impossível” e a franquia de “Parque Jurássico”.