Cannes: 2017 e o futuro
A edição de 2017 de Cannes terá sido uma das menos estimulantes dos últimos anos. O certo é que, como sempre, o festival deixou algumas pistas para possíveis reconversões futuras — eis um breve resumo do que pode estar em jogo.
* De novo o "cinema social"
Foi, de facto, um festival marcado pelos chamados temas sociais. Goste-se mais ou goste-se menos, o filme vencedor — “The Square”, de Ruben Östlund — ficou como retrato de uma certa decomposição das relações sociais e, mais do que isso, de um esvaziamento das relações humanas em geral. É pena que o filme de Michael Haneke, “Happy End”, tenha permanecido fora dessa avaliação — do meu ponto de vista, nenhum outro demonstrou a mesma complexidade temática e formal, ligando as contradições do presente com a visão moral do próprio espectador.
Muitas intervenções jornalísticas, em particular nos meios de comunicação franceses, chamaram a atenção para o facto de o festival correr o risco de se transformar numa renovação anual dos mesmos nomes, por vezes com uma presença excessiva e redundante — aconteceu, este ano, com Nicole Kidman, senhora de imenso talento que, em qualquer caso, esteve apresente através de quatro títulos apresentados em Cannes (dois deles na competição oficial). Será que faz sentido este tipo de inflacção? Para a equipa do festival e, em particular, para o seu programador Thierry Frémaux, o desafio que se coloca envolve a capacidade de renovar a oferta, sem perder o contacto com as experiências mais ousadas do cinema contemporâneo.
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