20 Jul 2023

Uma biografia contada com as regras do thriller é a aposta de Christopher Nolan para o filme “Oppenheimer” sobre a vida do físico norte americano Robert “Oppenheimer” que, durante a Segunda Guerra Mundial, liderou o projeto de criação da primeira bomba atómica.

O autor de “A Origem”, “Interstellar”, “Dunkirk”, ou “Tenet” volta com um filme que mostra o nascimento da era nuclear que hoje faz parte das nossas vidas.

Numa entrevista à Associated Press, Nolan fala sobre as razões que o levaram a adaptar esta história ao cinema e admite que mexer num momento tão delicado da história, implica ser o mais fiel possível aos acontecimentos.

“O verdadeiro impulso do filme é recriar o projecto Manhattan”, diz Nolan. “Na realidade, tenta recriar a vida de ‘Oppenheimer’ com foco nesse acontecimento. O momento em que ele decide que o poder nuclear pode ser libertado para o mundo. Queríamos que o público estivesse naquele bunker, quando eles fazem os testes. Isso significava filmar a beleza e o medo que as pessoas devem ter sentido na altura”.

“Estamos a lidar com a história mais séria que é possível imaginar. São acontecimentos muito dramáticos que mudaram e definiram o mundo em que vivemos hoje. Por isso, não queríamos comprometer nada e simplesmente confiar no cinema para dar forma a este tipo de história em grande escala. Esse era o nosso compromisso”, explica.

Descrito pelo cineasta como um filme de terror, “Oppenheimer” mostra a génese da destruição que marcaria o fim da Segunda Guerra Mundial. O momento em que os cientistas reunidos em Los Alamos, no Novo México, testam a primeira bomba atómica, antes dos ataques em agosto de 1945, quando duas armas nucleares atingem as cidades de Hiroshima e Nagasaki, com a dupla intenção de obrigar à rendição japonesa e de mostrar aos soviéticos o poder destrutivo da nova tecnologia.

Nolan já habituou as plateias a um cinema de grande dimensão e “Oppenheimer” volta a ter o mesmo objetivo: “O filme foi pensado para salas IMAX, e para cinema de larga escala, filmado a cores e a preto e branco, conforme a narrativa tem um olhar objectivo ou subjectivo. No caso do preto e branco, é mais o ponto de vista da personagem do Robert Downey Junior, mais objectivo. Mas a maior parte do filme é a cores, com a câmara por cima do ombro dele [J. Robert Oppenheimer], para nos mostrar o mundo como ele o vê. Isso foi um grande desafio. Porque temos de nos preocupar mais com a verdade da representação e garantir que é perceptível para o público, que está sempre a participar daquela experiência”.

No papel do físico que mudou o mundo, está Cillian Murphy, que já tinha trabalhado com Nolan na saga Batman e em “Dunkirk”, mas nunca como protagonista.

“Acho que todos sentimos o peso daquilo que estávamos a contar, sobre este momento que mudou por completo o mundo” refere o ator irlandês. “Vivemos numa era nuclear, devido ao que aconteceu naquele deserto. Sentimos isso. Nos filmes do Nolan, tudo é muito prático e real. O público pode sentir aquilo que a personagem sente. Queríamos aproximar-nos da silhueta dele, do aspecto físico. Não sou muito dado a isso, mas o guarda roupa e o chapéu que ele usa, fazem uma silhueta distinta e icónica que era importante conseguir”.

O elenco inclui ainda nomes como Emily Blunt, Robert Downey Jr., James D’Arcy, Kenneth Branagh, ou Matt Damon que interrompeu uma pausa na carreira para responder à chamada de Christopher Nolan.

“Oppenheimer” é o trunfo do estúdio Universal para levar público às salas este verão e, também, o primeiro filme da temporada com ambição assumida de chegar aos Óscares no próximo ano.

  • CINEMAX - RTP c/ AP
  • 20 Jul 2023 19:07

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