16 Jul 2021 13:29
A cineasta húngara Ildikó Enyedi tem o seu nome inscrito numa galeria plena de simbolismo na história do Festival de Cannes: a sua primeira longa-metragem, "O Meu Século XX", valeu-lhe a Câmara de Ouro de 1989. Em qualquer caso, a distinção mais importante da sua carreira terá acontecido em 2017, com a atribuição do Urso de Ouro de Berlim a "Corpo e Alma", um belo melodrama onírico (que estreou nas salas portuguesas).
Agora, Enyedi está na competição de Cannes com um título francamente menor: "The Story of My Wife" adapta o romance homónimo do húngaro Milán Füst (publicado em 1942), centrado na relação de um comandante naval com a sua mulher, "escolhida" na sequência de uma aposta com um amigo — quando estão num café, o amigo diz-lhe que ele deve casar-se com a primeira mulher que entrar na sala…
Não há muito a dizer sobre os resultados práticos. Com meios de fabricação de algum requinte — trata-se de uma produção que envolve quatro países (Hungria, Alemanha, França, Itália), sendo falada em… inglês —, o filme arrasta-se através de um tom de esforçada "exposição" em que a sofisticação dos cenários não consegue ocultar a banalidade das soluções narrativas.