O Festival Internacional de Cinema DocLisboa, começa quinta-feira para cumprir a 17ª edição, a última sob a direção de Cíntia Gil e David Oberto. Gil muda-se em novembro para a direção do festival Sheffield Doc/Fest (Inglaterra) e Oberto vai dedicar-se em exclusivo à produção do Festival de Cinema de Turim (Itália).
Cíntia Gil em declarações à Lusa assegura que a próxima direção – anunciada no dia 27 – ficará com "um festival muito aberto a ideias e à experimentação" onde os constrangimentos "são poucos do ponto de vista artístico". "É um festival que defende o cinema livre, que defende os realizadores e os produtores, que acredita que não há filmes que não possam ser mostrados às pessoas, contra qualquer tipo de censura", afirmou.
O DocLisboa abre na quinta-feira com "Longa noite", do realizador galego Eloy Enciso sobre "os alicerces sociopolíticos do fascismo" a partir da história do franquismo, em Espanha.
Este ano o programa conta com 303 filmes, com competições oficiais mais reduzidas. A competição internacional é feita com 14 documentários. Entre eles está a curta-metragem-manifesto "Eu não sou Pilatus", do ator e realizador luso-guineense Welket Bungué.
Um dos destaques da programação é a retrospetiva dedicada ao cinema da Alemanha de Leste, em parceria com a Cinemateca Portuguesa numa altura em que se assinalam 30 anos após a queda do Muro de Berlim.
Outra das retrospetivas será sobre a obra de Jocelyne Saab, jornalista e realizadora libanesa que morreu em janeiro passado. Entre os filmes escolhidos está "Palestinian Women", de 1974, censurado e nunca exibido. Passará em Lisboa numa cópia produzida pela Cinemateca Portuguesa para o festival.
Em matéria de cinema português, o Doclisboa apresenta 44 filmes, dos quais 11 integram a competição nacional. Filmes que já passaram por festivais estrangeiros, como "Prazer, Camaradas!", de José Filipe Costa, "Três perdidos fazem um encontro", de Atsushi Kuwayama, e "Raposa", de Leonor Noivo, ao lado de novidades como "História sem maiúsculas", de Saguenail, "Diários de guerra", de Luís Brás, e "Cerro dos pios", de Miguel de Jesus.
No programa "Heat Beat", composto por documentários sobre música e arte, estarão "Zé Pedro Rock n’Roll", de Diogo Varela Silva, "Sophia, na primeira pessoa", de Manuel Mozos, "Don’t look back", de D. A. Pennebaker, "The projectionist", de Abel Ferrara, e "Retrospective", de Jerôme Bel, que estará em Lisboa.
A edição 2019 acrescenta ainda duas novidades: O Nebulae, espaço dedicado a profissionais com um seminário de realização, encontros temáticos sobre modelos de financiamento e produção; e os prémios Fernando Lopes, para o melhor primeiro filme português, e Pedro Fortes, na secção "Verdes Anos", em homenagem a Pedro Fortes, um dos elementos da equipa do DocLisboa, que morreu este ano.
Organizado pela Apordoc – Associação pelo Documentário, o DocLisboa encerra a 27 de outubro, embora o filme de encerramento, "Technoboss", de João Nicolau, passe na véspera.