30 Ago 2019 16:45
O festival de Veneza começou com um filme sobre verdade e mentira e que desenvolve uma história que é habilmente construída em torno da relação uma atriz e de uma
argumentista – o drama familiar parte da escrita de um biografia e é acentuado em torno da percepção da memória dos factos, o que permite entrar
no universo da ficção versus realidade.
O japonês Kore Eda Hirokazu realiza o seu primeiro filme europeu mas não sai exatamente
do território do seu cinema já que continua a trabalhar a relações
familiares, as expectativas, desilusões, rancores, amor não dito, o papel que cada um representa
nesse núcelo.
O seu filme ‘francês’ é tão sentido e emocional como as suas obras japonesas, mas parece estranho porque há um tempo, uma
sensibilidade visual e estética que não se aplica verdadeiramente a uma
família ocidental.
O seu triunfo está naquilo que dá às duas atrizes – há muito que não
víamos Catherine Deneuve e Juliette Binoche em papéis que exigem o seu
melhor e fazem sobressair as suas competências dramáticas.
Juntá-las pela primeira num filme assim, onde se confrontam com matéria humana e cinematográfica é uma dádiva.
Ironia suprema: o filme não ficou pronto a tempo de ser exibido no
Festival de Cannes em maio passado, um ano depois de Kore Eda ter ganho a Palma de Ouro com "Shoplifters – Uma Família de Pequenos Ladrões". Veneza aproveitou a oportunidade
exibindo-o na noite de abertura. Este foi um início de festival
histórico e que será recordado durante muito tempo.