O realizador canadiano Denis Villeneuve leva o espectador de volta ao planeta desértico Arrakis para a segunda parte do épico de ficção científica “Dune”, com Timothee Chalamet como Paul Atreides, o aristocrático herdeiro de uma influente família que une forças com Chani (interpretada por Zendaya) e os habitantes de Arrakis, chamados Fremen.

Ambientado num universo em que um pequeno grupo de linhagens nobres governa feudos planetários, a franquia é baseada no aclamado romance homónimo de 1965 do escritor Frank Herbert. Aborda temas como política, religião, a luta por recursos preciosos e o ambiente.

“O primeiro filme foi um pequeno trabalho de casa para o público, que tinha de conhecer este mundo… havia muita história de fundo, isso já está feito. Agora o segundo filme foi mais cinematográfico e divertido para mim”, disse Villeneuve à Reuters na antestreia em Londres. “Foi muito mais complexo, mas muito mais divertido de fazer”, reforçou.

Com as suas paisagens arrebatadoras e um ambiente sombrio, “Dune: Parte II” conta com o regresso da atriz Rebecca Ferguson no papel da mãe de Paul, Jessica, de Javier Bardem no papel de Stilgar, o líder dos Fremen, e também com algumas novidades: A estrela de “Elvis”, Austin Butler, interpreta o vilão Feyd-Rautha e a atriz de “Oppenheimer”, Florence Pugh, é a princesa Irulan.

“Entrei num mundo pelo qual já estava apaixonada”, disse Florence Pugh sobre a sua entrada na saga.

“Foi um sonho, fazer parte de um elenco como este”, disse Butler, acrescentando que interpretar um vilão foi “muito divertido”. O ator considera que “Dune” é “uma obra-prima” e acrescenta que se sente muito “orgulhoso por fazer parte desta obra”.

“Dune: Parte II”, que teve o lançamento atrasado no final do ano passado devido à greve dos atores de Hollywood, começa a ser exibido nos cinemas mundiais a partir de 28 de fevereiro.

À espera de um sucesso

Timothée Chalamet e Austin Butler em “Dune: Parte Dois”.

“Dune” chegou às salas durante a parte final da pandemia, numa estreia híbrida, ao mesmo tempo em cinema e na plataforma de streaming HBO Max. Com um orçamento de 165 milhões de dólares, rendeu pouco mais de 400 milhões, o suficiente para gerar lucro e convencer a Warner Bros. a dar luz verde à sequela.

“Dune: Parte Dois” esteve previsto para novembro de 2023. A greve dos atores, que seguiram o exemplo dos argumentistas, impediu as muitas estrelas do elenco de participarem na promoção do filme. O estúdio optou por atrasar a estreia, o que esvaziou o período do natal, habitualmente um dos mais fortes do ano.

A greve chegou ao fim, mas deixou um vazio na cadeia de produção e distribuição norte-americana. Os filmes de super-heróis parecem ter-se transformado em veneno no box-office e os raros candidatos a êxito de bilheteira no início de 2024 falharam com estrondo. “Madame Web” abriu nos EUA com uns paupérrimos 15 milhões de dólares e a comédia espionagem “Argylle” não fez muito melhor. Os resultados no resto do mundo seguiram a tendência.

De acordo com o The Hollywood Reporter, o box office norte-americano em janeiro deste ano foi o pior nos últimos 25 anos, excluídos os anos da pandemia.

Por isso, a segunda parte de “Dune” surge como fundamental para reestabelecer os cofres dos exibidores e conferir vitalidade a um setor que continua à procura de novos caminhos.

A Warner terá conseguido limitar os custos do filme que, afirma a imprensa dos EUA, custou 190 milhões de dólares (menos do que “Assassinos da Lua das Flores”, de Scorsese, e do que as recentes produções da Marvel e DC Comics). Precisa de atingir os 450-475 milhões em receita bruta de bilheteira para dar lucro.

Projeções recentes dizem que a estreia nos EUA pode render entre 60 e 80 milhões de dólares. O primeiro fim de semana em todo o mundo valerá algo entre os 150 e os 250 milhões.

Se o desfecho for satisfatório, como indicam os números de pré-vendas, haverá espaço para um terceiro filme. Denis Villeneuve confirmou numa entrevista estar interessado em realizar “Dune Messiah” e disse mesmo que já escreveu uma primeira versão do argumento. Nas palavras do realizador canadiano, será a sua última incursão no mundo de Frank Herbert e a oportunidade de concretizar a sua visão, coincidente com a do escritor, de que “Dune” representa um aviso, mais do que apenas uma história sobre um herói.

(Fotos: John Phillips e Jeff Spicer / Getty Images para a Warner Bros. Pictures)

  • CINEMAX - RTP c/ agências
  • 28 Fev 2024 17:28

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