3 Set 2017 23:41
À medida que vamos mergulhando na espiral de violência demente que George Clooney filma em "Suburbicon" reconhecemos uma série de situações que já vimos nos filmes dos irmãos Coen.
Não há surpresa já que o argumento foi desenvolvido por Joel e Ethan Coen em 1985, após o sucesso de "Sangue por Sangue". George Clooney chegou a ser convidado para interpretar um dos papéis. O filme não foi rodado, e duas décadas depois o ator/realizador decidiu reescrever o argumento e assumir a realização.
Clooney dirige Matt Damon e Juliane Moore nos papéis de um casal de classe média que vive num bairro suburbano extremamente confortável. A ação acontece no final da década de cinquenta do século passado numa altura de afirmação dos direitos civis das minorias nos Estados Unidos.
O contexto da história mostra a população caucasiana em protesto exaltado contra a primeira família de afro americanos que se instalou no bairro. Mas a história que é desenvolvida ao longo do filme dramatiza as peripécias de um casal que planeia um golpe de forma incompetente e perde o controlo da situação.
A comédia negra ganha contornos de violência mórbida à medida que o conflito racial explode. Clooney tem uma nova oportunidade de reforçar uma mensagem civica, sobre a segregação racial, num filme divertido e furioso onde não poupa as suas personagens.
"Suburbicon", o sexto filme dirigido por Clooney, tem uma temática política e uma consciência liberal como sucedia com "Boa Noite, e Boa Sorte" (2005), e "Nos Idos de Março" (2011), ambos igualmente exibidos na competição do Festival de Veneza.
Desta vez, seguindo o rasto de sangue da escrita dos irmãos Coen, Clooney realiza um filme bastante mais popular e divertido, colocando o espectador a olhar para o problema latente do rascimo.