30 Set 2015 20:59
Mais de 200 filmes que questionam o conceito de documentário e que tratam do presente, com um olhar no passado, serão mostrados em outubro no 13º DocLisboa, descreveram os diretores do festival.
Este ano, o DocLisboa terá a primeira e mais completa retrospetiva do cinema do realizador sérvio Zelimir Zilnik, de 73 anos, um autor desconhecido em Portugal, apesar da importância da obra, que acompanha o movimento do cinema documental, como sublinhou o diretor da Cinemateca, José Manuel Costa.
Zilnik, que filmou a desintegração da Jugoslávia, estará em Lisboa a propósito desta retrospetiva na Cinemateca e fará duas masterclasses para o público.
Outra das retrospetivas focar-se-á na relação entre terrorismo e cinema, com filmes feitos desde a década de 1960 até à atualidade, acompanhando diferentes lutas armadas, da esquerda mais radical aos grupos fascistas.
Augusto M. Seabra, um dos programadores do festival, sublinhou que a "história do cinema não está estagnada" e que retrospetivas como as do DocLisboa permitem um contacto mais próximo com o cinema do passado à luz da atualidade.
Dos 236 filmes selecionados, 46 são portugueses, como "A Glória de Fazer Cinema em Portugal", de Manuel Mozos, que integra a competição internacional, "Portugal — Um Dia de Cada Vez", de Anabela Moreira e João Canijo, e "Vila do Conde Expraiada", de Miguel Clara Vasconcelos, estes dois na competição nacional.
O DocLisboa dará ainda espaço à Grécia, propondo uma dúzia de filmes feitos nos últimos 50 anos e que mostram o modo como os realizadores gregos representam o país "desde a ditadura dos coronéis até à crise democrática".
O desenho da programação sofreu algumas alterações com o desaparecimento da secção Investigações e com a inclusão de curtas e longas-metragens numa só competição, repartida apenas entre internacional e portuguesa.
Na secção Cinema de Urgência, o DocLisboa associa-se ao Centro Português de Refugiados, propondo aos espectadores que façam uma "contribuição em géneros" em cada sessão de cinema a que assistirem.
A entrada é gratuita nessas sessões, que terão, por exemplo, filmes sobre abusos policiais nos Estados Unidos e em Portugal, e uma série de filmes muito curtos feitos este ano sobre o êxodo migratório de refugiados na Europa.
A relação entre cinema e arte, em particular a música, é abordada na secção Heartbeat, onde surgem "Celeste", de Diogo Varela Silva, e "Porque Não Sou o Giacometti do Século XXI", de Tiago Pereira. A programação inclui ainda a estreia internacional de "Daft Punk Unchained", de Hervé Martin-Delpierre.
O festiva começará com "Bella e Perduta", do realizador italiano Pietro Marcello, e encerrará com "El Botón de Nácar", filme de Patricio Guzmán que volta a confrontar os chilenos com a sua história, mas tendo como pano de fundo a relação com a natureza, em particular o mar.
O DocLisboa é organizado pela associação cultural Apordoc – Associação pelo Documentário e decorrerá entre 22 de outubro e 1 de novembro no cinema São Jorge, Culturgest, Cinemateca, Cinema Ideal, Cinema City Campo Pequeno e Museu da Electricidade.