Virgílio Teixeira e Amália Rodrigues: memórias de um cinema português com quase 70 anos

1 Mai 2015 14:15

Quando começa o genérico do filme "Fado, História de uma Cantadeira", realizado por Perdigão Queiroga, o primeiro nome que aparece é o de Amália Rodrigues. Quer isto dizer que, à maneira das produções de Hollywood da época, ela tem direito a ter o nome antes do título, o que traduz, inequivocamente, a sua condição de estrela, não apenas do fado, mas também do cinema — aconteceu há quase 70 anos, mais precisamente em 1947.

Aqui encontramos, a contracenar de Amália, o actor Virgílio Teixeira, na época a maior vedeta do cinema português. As respectivas personagens estão na origem de um drama que se vai desenvolver nas ruas e vielas de Alfama — em boa verdade, estava-se perante a materialização de toda uma mitologia popular em que o fado era mais do que um modo de cantar, era mesmo uma filosofia de vida.


"Fado, História de uma Cantadeira" é um filme com as limitações técnicas típicas da sua época e também com um trabalho narrativo que está longe de ser muito sofisticado. Seja como for, a sua capacidade de registar a energia primitiva do fado confere-lhe um lugar essencial na história de uma forma eminentemente popular de expressão, inclusive nas suas componentes mais marcadas pela religião.

Para a história, "Fado, História de uma Cantadeira" ficou ainda como uma antologia de nomes que são indissociáveis do cinema e também do teatro, especialmente do teatro de revista — além do sempre notável António Silva, por aqui passam Vasco Santana, Raul de Carvalho, Eugénio Salvador, Armando Ferreira e Emílio Correia. Era um outro cinema, de um outro Portugal, tão longe e também tão perto.

  • cinemaxeditor
  • 1 Mai 2015 14:15

+ conteúdos