Filho de Rob Reiner preso após a morte do realizador e da sua esposa
Rob Reiner e Michele Singer foram encontrados mortos na sua casa em Los Angeles. A polícia está a investigar o caso como um duplo homicídio.
O cineasta de 78 anos, autor da comédia romântica “Um Amor Inevitável” e do thriller “Misery – O Capítulo Final”, foi encontrado morto no domingo ao lado da esposa, a fotógrafa Michele Singer, na sua casa localizada em Brentwood, Los Angeles.
De acordo com a imprensa americana, o filho de Rob Reiner, Nick Reiner, foi detido e é o principal suspeito do duplo homicídio.
A polícia não divulgou mais detalhes sobre as causas da morte das vítimas, mas outras notícias na imprensa local afirmam que o casal foi esfaqueado durante uma discussão.
Ator na comédia televisiva “Uma Família às Direitas” (“All in the Family”) entre 1971 e 1979, começou a carreira como realizador em 1984 com o filme “Spinal Tap”, sobre uma banda de rock imaginária. Ficará na memória como autor de “Um Amor Inevitável”, com Billy Crystal e Meg Ryan, do thriller “Misery – O Capítulo Final”, e do drama de tribunal “Homens de Honra”, com Tom Cruise, Jack Nicholson e Demi Moore.
Retomando por vezes o seu papel de ator, apareceu recentemente em quatro episódios da série premiada “The Bear”.
Militante de longa data próximo dos democratas, o cineasta era um defensor do direito ao casamento para todos e um crítico ferrenho da administração Trump.
Amiga do casal, a ex-vice-presidente democrata Kamala Harris disse sentir-se “devastada ao saber da morte”, enquanto o ex-presidente Barack Obama afirmou que ele e sua esposa Michelle estavam “de coração partido” com a tragédia. Rob Reiner ofereceu ao público “algumas das nossas histórias mais queridas no ecrã. Mas por trás de todas as histórias que produziu estava uma profunda crença na bondade das pessoas”, afirmou o ex-presidente numa rede social.
O governador da Califórnia, Gavin Newsom, também apresentou as suas condolências, elogiando a “empatia sem limites” do cineasta.
A atriz Kathy Bates, protagonista de “Misery” (1990), disse num comunicado estar “horrorizada ao saber da terrível notícia”. “Gostava do Rob. Era brilhante e bondoso, um homem que realizou filmes de todos os géneros para se superar como artista. Também defendeu com coragem as suas convicções políticas (…). Michele era uma fotógrafa de grande talento (…). Estou de coração partido por ambos”, declarou a atriz.
O escritor Stephen King, cujo conto “The Body” inspirou “Conta Comigo” do cineasta (1986), prestou homenagem a um “amigo maravilhoso”, enquanto o ator John Cusack disse estar “sem palavras”.
Reação de Donald Trump indigna todos os setores
Donald Trump atacou Rob Reiner, afirmando que a sua morte foi resultado do seu “anti-trumpismo furioso”. A sua morte “teria sido causada pela raiva que ele provocou nos outros” com a sua “neurose anti-Trump”, escreveu o presidente americano continuando: “Ele era conhecido por deixar as pessoas loucas com a sua obsessão furiosa contra o presidente Donald J. Trump.”
Longe de qualquer hipótese política, a polícia anunciou Nick Reiner, filho do cineasta, que sofre de problemas de dependência de heroína desde a adolescência, como o principal suspeito dos assassinatos.
“Ele era conhecido por deixar as pessoas LOUCAS com a sua obsessão furiosa pelo presidente Donald J. Trump”, escreveu o presidente americano, acusando a vítima de sofrer da “Síndrome de Desequilíbrio de Trump”.
A sua mensagem indignou personalidades políticas em diversos setores da sociedade norte-americana.
“A falta de empatia e elegância para com a família Reiner neste momento de profundo luto e tristeza é patética e reveladora”, declarou David Axelrod, antigo conselheiro do presidente democrata Barack Obama e atual analista político da CNN.
“Ele não conhece a vergonha. Um completo idiota”, criticou o líder da minoria democrata no Senado, Chuck Schumer.
O republicano Thomas Massie, que frequentemente se opõe a Donald Trump, também criticou a reação do presidente: “Independentemente do que pensava de Rob Reiner, essas declarações sobre um homem que acaba de ser brutalmente assassinado são desadequadas e desrespeitosas”.
A deputada da direita radical Marjorie Taylor Greene, uma trumpista de primeira hora, mas que se afastou do presidente nos últimos meses, também mencionou a dor das famílias do realizador e da sua esposa: “É uma tragédia familiar, não uma questão de política, ou de inimigos políticos”, afirmou numa mensagem acompanhada de uma imagem da publicação de Donald Trump.
Don Bacon, um representante republicano que não se recandidatará em 2026, disse à CNN que esperava “ouvir algo assim de um bêbado num bar, não do presidente dos Estados Unidos”.
No entanto, poucos líderes da direita ousam se opor abertamente ao inquilino da Casa Branca.
“Imagino que os meus colegas eleitos do Partido Republicano, o vice-presidente e o pessoal da Casa Branca simplesmente ignorarão (a mensagem) porque têm medo? Desafio qualquer pessoa a defender” essas palavras, acrescentou Thomas Massie.
Para alguns comentadores de direita, o presidente perdeu a oportunidade de se calar.
Referindo-se a uma mensagem “tão dececionante” e “tão inútil”, a ex-jornalista desportiva Sage Steele, agora podcaster conservadora, afirmou que “são comentários como esses que estragam as inúmeras coisas boas que Donald Trump faz pelos Estados Unidos”.