24 Mai 2018 14:32
O mais recente filme de Todd Haynes, “Wonderstruck – O Museu das Maravilhas” é uma história misteriosa, desconcertante e poética, ligando a vida de duas crianças separadas por 50 anos. Em boa verdade, esta sua oitava longa-metragem confirma a dificuldade (a magnífica dificuldade, entenda-se) de o classificar apenas através de um género ou uma temática — e isto desta a sua estreia, em 1991, com essa fábula sobre a sexualidade e o medo chamada “Veneno”.
Logo depois de “Veneno”, a criatividade de Todd Haynes disparou em sentidos completamente inesperados. Primeiro, em 1995, com o filme “Safe” (entre nós, “Seguro”), uma crónica quase de ficção científica sobre uma utopia de pureza enredada nas ilusões new age — foi a sua primeira colaboração com Julianne Moore. Depois, em 1998, Todd Haynes encenou os tempos agitados do glam rock, fazendo a biografia de uma personagem fictícia, embora claramente inspirada em David Bowie — chamava-se “Velvet Goldmine”.
Há na obra de Todd Haynes uma espécie de capítulo autónomo sobre grandes personagens femininas. Inclusive no domínio televisivo, isto é, na série “Mildred Pierce”, de 2011, com Kate Winslet. Mas importa não esquecer “Longe do Paraíso”, em 2002, de novo com Julianne Moore, expondo a hipocrisia de usos e costumes na década de 1950. E ainda, situado na mesma década, o drama romântico “Carol”, uma produção de 2015 com as notáveis Cate Blanchett e Rooney Mara.
Curiosamente, talvez se possa dizer que a música é o elemento mais visceral de todo o cinema de Todd Haynes. Até porque, convém não esquecer, ele assinou vários telediscos para os Sonic Youth [video: "Disappearer", do álbum "Goo", 1990]. E fez também uma delirante e fascinante biografia de Bob Dylan, com nada mais nada menos que seis actores a interpretar o criador de “Knockin’ on Heaven’s Door” — o filme é de 2007 e chama-se “I’m Not There/”Não Estou Aí”.