14 Mar 2015 17:52
Foi com a sua quinta nomeação, em "O Meu Nome É Alice", que Julianne Moore arrebatou o seu primeiro e merecidíssimo Oscar. A primeira vez que foi candidata a um Oscar aconteceu em 1998, graças ao magnífico "Boogie Nights", de Paul Thomas Anderson, entre nós chamado "Jogos de Prazer".
O pano de fundo é típico do chamado “Disco sound”. Dito de outro modo: estamos em finais da década de 70 e o herói de "Boogie Nights", Eddie Adams, interpretado por Mark Wahlberg, é um jovem californiano que abandonou o liceu, vivendo com uma mãe alcoólica e um padrasto que o menospreza. Quando responde a um convite para fazer cinema, ele ainda não sabe que está a ser mobilizado por um produtor de filmes pornográficos…
Mark Wahlberg integra um elenco invulgar, retratando um universo, no mínimo, peculiar, atravessado por estranhas formas de violência. Burt Reynolds é o produtor que o contrata, surgindo Julianne Moore a interpretar uma vedeta do cinema pornográfico que parece viver num mundo em que a exposição pública e a vida privada já não têm fronteiras — aliás, é isso mesmo que P. T. Anderson expõe: este é um conto moral sobre os "jogos de prazer" a que se refere o título português e a sua inocência perdida.
Nos Oscars, 1998 foi o ano de "Titanic". "Boogie Nights" tinha três nomeações — a de Julianne Moore, para melhor actriz secundária; Burt Reynolds, melhor actor secundário; e o próprio P. T. Anderson, melhor argumento original. O filme nada ganhou, mas ficou como uma das mais frias, metódicas e desencantadas visões do imaginário hedonista dos anos 70/80 — hoje em dia, quase 20 anos depois, transformou-se num genuíno objecto de culto.