6 Ago 2017 23:46
A Kodak está empenhada em relançar a película como material essencial de produção cinematográfica. Apesar da rápida generalização da projecção digital nos circuitos de exibição de todo o mundo (Portugal foi um caso de acelerada conversão), a marca-símbolo da película anunciou recentemente a sua aposta, em particular nos mercados germânico e francês. Objectivo: (re)conquistar cineastas e produtores para a película.
Segundo a Kodak, um dos eventos que mais e melhor veio sublinhar a actualidade artística e industrial da película cinematográfica foi o Festival de Cannes (realizado no passado mês de Maio). De facto, um número significativo de filmes presentes no certame, ainda que projectados em cópias digitais, tinham sido rodados em película — neles se incluíam vários títulos da secção competitiva como "The Beguiled", de Sofia Coppola, "Wonder Struck", de Todd Haynes, ou "The Meyerowitz Stories", de Noah Baumbach.
Há pouco mais de três anos, quando a Paramount, um dos grandes estúdios de Hollywood, anunciou que passaria a distribuir todos os seus filmes apenas em cópias digitais, muitos terão pensado que esse era um sinal, ainda que indirecto, do irreversível abandono da película. Mas não: para além de "velhos" exemplos militantes, como Martin Scorsese, cada vez há mais cineastas a experimentar a película.
Actualmente, o exemplo mais significativo é, obviamente, o de Christopher Nolan com o seu "Dunkirk" — para mais, tal como Quentin Tarantino, em "Os Oito Odiados" (2015), Nolan utilizou o formato 70mm. Entre os cineastas que estão a rodar ou concluir filmes rodados em película, incluem-se Kenneth Branagh ("Um Crime no Expresso do Oriente", em que ele próprio assume o papel de Hercule Poirot), Philippe Garrel ("L’Amant d’un Jour") e Mia Hansen-Løve ("L’Avenir").