8 Jul 2017 0:53
Scarlett Johansson voltou a liderar um "blockbuster", neste caso tendo como inspiração o universo manga japonês: "Ghost in the Shell" — para a actriz americana, nascida em Nova Iorque, em 1984, é a consagração plena como estrela planetária. Foram precisos vários filmes para que tal acontecesse, mas um terá sido decisivo na apresentação de Scarlett aos espectadores de todo o mundo — chama-se "Lost in Translation".
Se é verdade que o mundo de hoje é feito dos cruzamentos de muitas culturas, sensibilidades e modos de ver, então não há dúvida que "Lost in Translation" pode simbolizar essa dinâmica de ideias, valores e pessoas. Foi em 2003 — Scarlett Johansson tinha apenas 19 anos e interpreta uma jovem algo à deriva que, em Tóquio, encontra um homem mais velho, interpretado por Bill Murray, um actor nostálgico dos seus tempos de glória. Uma das cenas mais célebres do filme passa-se num bar de karaoke — Scarlett canta “Brass in Pocket”, dos Pretenders.
"Lost in Translation" foi chamado entre nós "O Amor É um Lugar Estranho". Convenhamos que não é um título muito feliz. Seja como for, apetece dizer que, neste caso, o amor é pudico, discreto, por assim dizer, invisível — e diz-se através de magníficas canções como "More Than This", de Bryan Ferry, "Just Like Honey”, de The Jesus & Mary Chain, ou "Sometimes", de My Bloody Valentine.
"Lost in Translation" ficou também como o filme de consagração da sua realizadora, Sofia Coppola. Para além da delicada direcção de actores, ela demonstra uma elaborada arte narrativa, capaz de dar conta dos sinais mais secretos das relações humanas — para a história, recebeu um reconhecimento muito especial: nada mais nada menos que o Oscar de melhor argumento original.