Figura modelar do universo teatral, Luís Miguel Cintra tem também uma importante trajectória no mundo do cinema — o LEFFEST homenageia-o, recordando alguns dos títulos mais importantes da sua carreira.
A ausência de estrelas de cinema no contexto português não resulta do "talento" dos actores ou actrizes. Acontece que num país de pequena produção, sem estruturas industriais consistentes, para mais culturalmente dominado pelos valores populistas do espaço televisivo, não é possível esperar que alguém consolide o essencial do seu prestígio (e, como agora se diz, da sua "imagem") apenas através dos filmes, poucos ou muitos, que vai interpretando…
Em todo o caso, há quem consiga, pelo menos, afirmar uma identidade. Assim acontece com Luís Miguel Cintra, por certo conhecido e reconhecido, antes do mais, como figura modelar do universo teatral, mas também um profissional com uma importante carreira cinematográfica.
Na homenagem que Festival de Lisboa & Estoril está a prestar a Luís Miguel Cintra, tem sido possível ver ou rever alguns momentos emblemáticos dessa carreira. Hoje, por exemplo, passam "Quem Espera por Sapatos de Defunto Morre Descalço"(1970), de João César Monteiro, título fulcral de um cinema novo de assumida rebeldia moral, e "Non, ou a Vã Glória de Mandar" (1990), de Manoel de Oliveira, seguramente um dos projectos mais ambiciosos que já se fizeram sobre a história e a mitologia da nação portuguesa.
Com Luís Miguel Cintra, será possível ver também "Recordações da Casa Amarela"(1989), de João César Monteiro, e "Palavra e Utopia" (2000), de Manoel de Oliveira. Do restante programa de segunda-feira, fica ainda um destaque muito especial para a passagem do clássico "Greed" (1924), de Eric von Stroheim, integrado no simpósio "Bigger than life" — a projecção do filme [ver trailer, aqui em baixo] será seguida de uma masterclass pelo jornalista e crítico francês Jean-Michel Frodon.