16 Ago 2018 0:29
Eis algumas imagens (e sons!) de 2008 — um elenco internacional, incluindo Meryl Streep, Colin Firth e Pierce Brosnan, ajudou a transformar "Mamma Mia!" num sucesso internacional. Dez anos depois, o mesmo elenco surgiu numa variação sobre a mesma história, consumando, afinal, uma proeza insólita. Ou seja: podemos dizer que a música dos Abba constitui um trunfo forte do musical do século XXI — este é o lyric video da nova versão de "When I Kissed the Teacher".
Num certo sentido, em matéria de musicais no cinema, os Abba são mesmo uma excepção que confirma a regra. Que regra é essa? Pois bem, aquela que nos leva a reconhecer que o musical se tornou um género hesitante e frágil, sempre à procura de um milagroso renascimento… E, no entanto, do ano 2000 para cá, têm-se produzido alguns excelentes musicais. Por exemplo, "8 Mulheres", do francês François Ozon — foi em 2002 e vale a pena recordar Catherine Deneuve.
Deneuve era uma das actrizes cantantes, a par de Fanny Ardant, Isabelle Huppert e Danielle Darrieux. De vez em quando, surgem proezas, assim, em que actores e actrizes se transfiguram através da música e do canto. Um outro exemplo poderá ser a produção de 2012 de "Os Miseráveis". O trabalho de realização de Tom Hooper será algo retórico, francamente pouco interessante, mas isso não impede que reconheçamos a energia da personagem de Fantine, interpretada por Anne Hathaway.
Está por fazer a "Serenata à Chuva" do século XXI, quer dizer, um filme que nos faça dizer que o género musical foi, realmente, reinventado e relançado. Claro que houve o fenómeno "La La Land" (2016), mas não creio que seja suficiente. Julgo mesmo que alguns dos musicais mais perfeitos que se fizeram nos últimos anos são aqueles que se cruzam com a fábula infantil — com inevitável destaque para a versão de "A Bela e o Monstro" (2017), dos estúdios Disney, com a canção-tema interpretada por Ariana Grande e John Legend.