MANOBRAS NA CASA BRANCA (1997)
Na galeria dos títulos, cómicos ou dramáticos, sobre os meandros da vida política americana, "Manobras na Casa Branca", centrado num escândalo sexual, parece ser um eco do caso Bill Clinton/Monica Lewinsky — de facto, o filme estreou-se antes...
5 Dez 2015 22:43
O novo filme de David Gordon Green, "Profissionais da Crise", lembra-nos, ou melhor, relembra-nos que a política nunca foi estranha à encenação, ao espectáculo, numa palavra, ao marketing. Mesmo quando (ou sobretudo quando) há um candidato em apuros para garantir a pureza da sua imagem — era esse o tema do magnífico "Wag the Dog", entre nós chamado "Manobras na Casa Branca".
É, de facto, uma Casa Branca envolvida em manobras muito pouco ortodoxas: o Presidente dos EUA está ameaçado por um escândalo sexual e os estrategas da Casa Branca convocam mesmo um produtor de Hollywood para criar alguma ficção mediática capaz de encobrir o escândalo. Por vezes, julga-se que "Manobras na Casa Branca" é um reflexo do escândalo de Bill Clinton com Monica Lewinsky — mas não, o filme estreou antes… no Natal de 1997.
Robert De Niro e Dustin Hoffman são dois dos nomes principais de um filme que, afinal, retoma a grande e nobre tradição liberal de Hollywood. Escrito por David Mamet e Hilary Henkin, com realização de Barry Levinson, "Manobras na Casa Branca" mostra como o cinema pode estar do lado da consciência crítica da política, expondo as ilusões e imposturas do seu próprio teatro.
A música do filme tem assinatura de Mark Knopfler — e o menos que se pode dizer é que a sua aparente ligeireza joga bem com o espírito de um filme em que as fronteiras entre verdade e mentira são encaradas de modo, no mínimo, frívolo. Por isso mesmo, na banda sonora encontramos momentos de insólita ironia, como seja a inclusão do clássico “Thank Heaven for Little Girls” do clássico "Gigi", realizado em 1958 por Vincente Minnelli — canta Maurice Chevalier.