Em 2024, as bilheteiras de cinema em Portugal registaram uma receita de 73,2 milhões de euros, superando ligeiramente os 72,9M € alcançados em 2023, um aumento de 300 mil euros (+0,4%). No entanto, o número total de espectadores caiu de 12,3 milhões para 11,8 milhões, menos 466 759 espectadores (-3,8%) segundo os dados oficiais provisórios do Instituto do Cinema e Audiovisual (ICA).

É o primeiro ano de quebra nas idas ao cinema desde que a pandemia obrigou ao encerramento das salas em 2020.

Longe continuam os números alcançados em 2019, antes da Covid, quando as salas portuguesas receberam 15 516 707 espectadores.

O ano de 2024 começou em baixa. No primeiro semestre, não houve um único mês acima do milhão de entradas. Em abril e maio registaram-se mesmo as mais fracas afluências desde 2014 (excluindo os anos da pandemia), 636 mil e 669 mil espectadores, respetivamente, uma tendência que continuou em junho.

Os atrasos nas grandes produções americanas devido à dupla greve de argumentistas e atores justificam esta quebra num mercado pouco habituado a ver cinema de outras origens.

Julho e agosto trouxeram uma melhoria, mas em setembro o ICA voltou a notar uma descida acentuada na afluência de espectadores. A recuperação no final do ano e o 1,2 milhões de pessoas que foram ao cinema em dezembro, acabaram por ser insuficientes para que o mercado crescesse.

“Divertida-mente 2” foi o filme mais visto em 2024 nos cinemas portugueses. A animação da Disney bateu o recorde de público desde que o ICA apresenta resultados oficiais com 1,3 milhões de bilhetes vendidos. Seguiu-se a comédia de ação e super-heróis “Deadpool & Wolverine”, com 611 597 espectadores, e outra animação, “Gru – O Maldisposto 4” (528 528 espectadores).

A animação tem uma presença forte ao longo do top 10 nacional ao ocupar metade das posições e apenas dois títulos não são sequelas, prequelas, ou baseados em filmes anteriormente estreados. As exceções foram o drama romântico “Isto Acaba Aqui”, muito falado recentemente devido às acusações de assédio sexual que Blake Lively dirigiu ao outro protagonista, Justin Baldoni, e a comédia “Todos Menos Tu”.

OS 10 FILMES MAIS VISTOS EM 2024

Cinema português cresce

O cinema português registou um desempenho expressivo em 2024, com cerca de 500 mil espectadores que representam uma quota de mercado de cerca de 4%, o dobro dos 2% alcançados em 2023. Este aumento deveu-se, em parte, à estreia de mais de 70 filmes, face aos 56 lançados no ano anterior.

De resto, verificou-se o mesmo problema de anos anteriores – a concentração de público em apenas um ou dois títulos. O mais visto, “Balas & Bolinhos: Só Mais uma Coisa”, a comédia de Luís Ismael, recebeu quase 250 mil espectadores, ou seja, metade do total. Somando o resultado do segundo filme, “Podia Ter Esperado por Agosto”, de César Mourão, está encontrado 70% do público que viu cinema português em 2024.

As longas-metragens nacionais mais vistas e que somaram mais de 10 mil espectadores em 2024, foram:

1. Balas & Bolinhos: Só Mais uma Coisa, realizado por Luís Ismael, com 248.754 espectadores
2. Podia Ter Esperado por Agosto, de César Mourão, com 102.968 espectadores
3. Vive e Deixa Andar, de Miguel Cadilhe, com 30.705 espectadores
4. Revolução (Sem) Sangue, de Rui Pedro Sousa, com 20.991 espectadores
5. A Semente do Mal, de Gabriel Abrantes, com 16.998 espectadores
6. Grand Tour, de Miguel Gomes, com 11.809 espectadores

Resto da Europa a duas velocidades

Num olhar rápido pelos países europeus mais próximos de nós, observa-se que em Espanha houve uma dupla descida nas receitas (-2%) e no número de espectadores (-5%). No entanto, a quota do cinema espanhol subiu para 19%.

Em Itália, o box office esteve em linha com 2023, com uma quebra marginal de 0,4%, mas a audiência de cinema desceu 1,3%. A quota do cinema italiano foi de quase 25%.

Por fim, a França, onde houve crescimento no consumo de cinema em sala pelo segundo ano consecutivo e onde a quota de mercado do cinema local conseguiu o feito de ser superior à das produções norte-americanas. Em 2024, o cinema gaulês valeu 44% do total, acima dos 37% das produções vindas de Hollywood.

• CINEMAX - RTP

• 10 Jan 2025 09:00