6 Nov 2016 15:32
Os dois gigantes do streaming de conteúdos, Netlix e Amazon, prosseguem a luta para aumentarem a sua influência. Depois do território ganho aos canais tradicionais de televisão com vitórias nos Emmy Awards, preparam-se para continuar o desafio aos estúdios de Hollywood no seu terreno, os Oscars da Academia.
Se a entrada na categoria de melhor documentário foi relativamente fácil, com a Netflix a conseguir nomeações através de "A Praça", em 2014 e "Virunga", em 2015, o mesmo não se passou ainda em áreas como o melhor filme, ou entre os atores.
Apesar de iniciativas recentes para alterar a composição da massa votante, os conservadores e envelhecidos membros da academia norte-americana de cinema recusaram entrada a "Beasts of No Nation", de Cary Fukunaga, uma produção original da Netlix, e a "Chi-Raq", de Spike Lee, da Amazon Studios.
Este ano, os líderes da distribuição online voltam à carga com Casey Affleck e Michelle Williams no drama familiar "Manchester by the Sea", de Kenneth Lonergan, e "Paterson", de Jim Jarmush, com Adam Driver, por parte da Amazon; enquanto a Netflix esgrime como principal argumento a longa-metragem documental "13th" de Ava DuVernay.
Em causa, para as empresas de streaming como para os grandes estúdios, estão cada vez menos as receitas de bilheteira nas salas de cinema. No funcionamento atual da indústria, os Oscars têm pouca relevância nesse aspeto. Tudo se joga no campo do prestígio conseguido e no tipo de talentos criativos e atores que se atraem com as estatuetas obtidas.
É esse o objetivo da Amazon e da Netflix, os novos ricos de uma sociedade fechada onde queres ser aceites, reconhecidos e tratados como iguais em comparação com as majors, estabelecidas desde o início da história do cinema.
Contra eles têm as barreiras levantadas por outro setor pouco dado a novidades: os exibidores. As salas de cinema têm feito de tudo um pouco para protegerem o seu modelo de negócio e impedirem o lançamento de produções feitas essencialmente para o streaming, mas que precisam de um programa mínimo de distribuição no grande ecrã de forma a se qualificarem para os Oscars.
Foi mesmo a desconfiança de que a Netflix não seria capaz de garantir uma boa programação de salas que levou Nate Parker, realizador de "Nascimento de Uma Nação" e favorito inicial da corrida aos próximos Oscars, a preferir a Fox Searchlight.
Mais cordata tem sido a Amazon que garante uma carreira normal em cinema aos seus filmes antes de os disponibilizar online, algo que tem como condão apaziguar os distribuidores e lhe permite, este ano, ter um título bem colocado para as categorias de melhor filme, melhor realizador e melhores atores.
As nomeações para os Oscars da temporada 2016-2017 serão conhecidas a 24 de janeiro de 2017, com a cerimónia de entrega de prémios a ter lugar um mês depois, a 26 de fevereiro.