31 Jan 2020 14:21
Novo capítulo na polémica que envolve Roman Polanski: o seu filme "J’accuse – O Oficial e o Espião" recebeu quarta-feira uma chuva de nomeaçoes para os Césares, o Oscar francês, apesar de nova acusação de violação contra o realizador franco-polaco.
O drama histórico sobre o caso Dreyfus (um dos grandes escândalos políticos da história da França moderna) com Jean Dujardin, coroado com o Grande Prémio do Júri no Festival de Veneza (Itália), concorre a 12 prémios do cinema francês, incluindo as categorias de melhor realização e melhor filme.
Este anúncio reavivou a controvérsia sobre o cineasta de 86 anos, que parte da opinião pública e os setores feministas recusam ver homenageado. Uma avalanche de reações surgiu nas redes sociais, e o assunto Polanski chegou a ser uma nas principais tendências do Twitter.
"12 indicações para o filme + J’accuse + de Polanski! 12 como o número de mulheres que o acusam de violação! Vergonha @Les César", reagiu imediatamente no Twitter a associação Dare feminism, antes de apelar à presença numa manifestação marcada para o Salle Pleyel em Paris, onde a 45ª cerimónia de entrega dos Césares será realizada, a 28 de fevereiro.
A Academia dos César "não é um órgão que deva ter posições morais", respondeu o seu presidente Alain Terzian, questionado após o anúncio dessas nomeações. "A menos que esteja enganado, 1,5 milhões de franceses foram assistir ao filme. Questione-os", acrescentou.
Acusado pela justiça americana no âmbito de um processo de abuso de uma menor iniciado em 1977, Roman Polanski é alvo de nova acusação de violação da francesa Valentine Monnier, que ele contesta.
A fotógrafa alega ter sido espancada e violada por Polanski em 1975, na Suíça, quando tinha 18 anos. O seu testemunho junta-se às acusações de várias mulheres nos últimos anos por fatos prescritos.