9 Jun 2019 18:24

Cineasta canadiano, do Québéc, Denys Arcand sempre se empenhou em expor as relações sociais para além das suas aparências, descobrindo uma verdade mais ou menos incómoda por trás das convenções do quotidiano — é o que ele faz agora com “A Queda do Império Americano”. O certo é que há mais de três décadas, mais exactamente em 1986, Arcand já tinha filmado, não a “queda”, mas “O Declínio do Império Americano”.

Escusado será dizer que o título, “O Declínio do Império Americano”, é uma forma muito directa de sarcasmo. Aquilo que Denys Arcand filma é o sistema de relações entre homens e mulheres e, em particular, a predominância dos valores machistas — ontem como hoje, ele é um verdadeiro explorador do modelo clássico da comédia social.


Para Denys Arcand, a sociedade organiza-se através de dois grupos principais: uma tribo de homens, predadores e vulneráveis, e uma comunidade de mulheres, frágeis e paradoxalmente poderosas — a sua visão cruza desencanto e ironia.

Actualmente, há cineastas canadianos com grande projecção internacional — basta citar os exemplos de Denis Villeneuve, realizador de “Blade Runner 2049”, ou Jean-Marc Vallée, autor da série televisiva “Big Little Lies”. Com os seus 77 anos, Denys Arcand provém de uma geração anterior que, em especial nos anos 60/70, olhou com especial sentido crítico para o Canadá de língua francesa. “O Declínio do Império Americano” é apontado como o primeiro título de uma trilogia que se conclui agora, precisamente, com “A Queda do Império Americano” — pelo meio ficou “As Invasões Bárbaras”, de 2003, que conseguiu uma proeza que, até agora, não se repetiu: é, de facto, a única produção canadiana que ganhou o Oscar de melhor filme estrangeiro.

  • cinemaxeditor
  • 9 Jun 2019 18:24

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