21 Set 2017 18:45
Perante o nono título da saga "Planeta dos Macacos", intitulado "Planeta dos Macacos: a Guerra" (2017), o mínimo que se pode dizer é que estamos longe, muito longe, das premissas do primeiro filme. Foi em 1968 e chamava-se, no original, "Planet of the Apes" — dirigido por Franklin Schaffner, entre nós recebeu o título insólito, mas sugestivo, de "O Homem que Veio do Futuro".
O homem que veio do futuro é um astronauta interpretado por Charlton Heston — na altura, convém lembrar, uma estrela de prestígio internacional que já tinha surgido em filmes como "Os Dez Mandamentos" (1956), "A Sede do Mal" (1958) e "Ben-Hur" (1959). Ao desembarcarem com a sua tripulação num planeta desconhecido, eles deparam com uma sociedade perfeitamente organizada e nada tolerante em relação aos seres humanos. Para quem nunca viu o filme, importa não revelar o que, realmente, está a acontecer — digamos apenas que quem manda nessa sociedade são os macacos e que tudo se resume a uma guerra entre os valores humanos e o mundo animal.
Estamos a falar, portanto, de um filme com quase 50 anos. Que é como quem diz: fabricado sem os recursos digitais do nosso presente. Em qualquer caso, os rostos dos macacos, com os olhos muito vivos e uma gama surpreendente de expressões, representavam, na época, uma notável inovação. De tal modo que o responsável pela caracterização dos macacos, John Chambers, viria a ser distinguido com um Oscar honorário.
A música de Jerry Goldsmith ficou também como emblema exemplar do sentido de espectáculo do filme — foi, aliás, nomeada para o Oscar de melhor banda sonora, mas não ganhou. Quase 30 anos mais tarde, em 2001, com o seu "Planeta dos Macacos", Tim Burton terá sido quem mais se aproximou das componentes do filme de Franklin Schaffner.