20 Mai 2017 1:15
A estreia da Netflix não começou bem. A projeção de "Okja" foi marcada por problemas técnicos que cortaram um terço da imagem do filme no ecrã durante oito minutos, obrigando à interrupção e recomeço da sessão.
O filme chegou ao Festival de Cannes sob a contestação dos distribuidores franceses, depois de ter falhado um acordo para ser exibido nos cinemas franceses (ver artigo recomendado. Apesar disso, a estreia está assegurada nos cinemas da Coreia do Sul (país de origem do realizador) e haverá um lançamento restrito em sala nos Estados Unidos e Grã Bretnha antes da ficar disponível para os assinantes no próximo 28 junho..
Tudo está bem quando termina bem. "Okja" integra a competição oficial pela Palma de Ouro e teve uma reação entusiasmada, em grande parte devido à originalidade da monstruosa e simpática criatura que foi criada através de sofisticados efeitos digitais da autoria de Erik-Jan De Boer, o autor do tigre em "A Vida de Pi", de Ang Lee, pelo qual recebeu um Óscar.
Okja é um bicho que combina caraterísticas de um porco, de um hipopótamo e de um cão, que é desenvolvido em laboratório por uma companhia agro-alimentar que pretende encontrar respostas comerciais e ambientais para o problema da nutrição no planeta.
O filme tem uma mensagem ecológica e empresarial simples de entender, demasiado óbvia. A problemática relevante é atenuada pela fábula em torno da relação afetiva muito forte entre Okja e uma menina sul-coreana de 14 anos.
No entanto o realizador sul-coreano Bong
Joon-ho falha no equilibrio narrativo da sua história, oscilando entre comédia, ação e aventura, e desenvolvendo personagens que funcionam como péssimas caricaturas e que nem atores com a competência de Jake Gyllenhaal e Tilda Swinton conseguem salvar.
"Ojka" é um filme familiar que serve os interesses da Netflix e dos seus 100 milhões de subscritores. Não se entende qual o contributo artístico para a competição do Festival de Cannes.