Judy Davis e Peggy Ashcroft — memórias da Índia cerca de 20 anos antes da independência

14 Out 2017 21:54

A história do Império Britânico está ligada de modo muito especial, através de uma teia de memórias, contradições e cumplicidades, com a história da Índia — Índia que se tornou independente em 1947 (comemoraram-se recentemente 70 anos). Não admira que muitos filmes britânicos estejam, directa ou indirectamente, marcados por essa história — um dos mais belos, e também mais injustamente esquecidos, foi realizado por David Lean e chama-se "Passagem para a Índia".

"Passagem para a Índia" pode resumir-se como a viagem de duas senhoras britânicas — interpretadas por Peggy Ashcroft e Judy Davis — que, na década de 1920, descobrem uma Índia bem diferente da imagem que tinham na sua cabeça. E tanto mais quanto se começam a acumular os sinais do movimento pela independência.




A música de "Passagem para a Índia" tem assinatura do grande Maurice Jarre. Ficou como o capítulo final da sua colaboração com David Lean — e valeu-lhe o seu terceiro Oscar, em 1985, ele que já tinha ganho os dois anteriores com filmes também de David Lean: "Lawrence da Arábia", em 1963, e "Doutor Jivago", em 1966.

"Passagem para a Índia" inspira-se no romance homónimo de E. M. Forster, ou melhor, na peça inspirada nesse romance, escrita pelo americano de origem indiana Santah Ramah Rau: é um caso modelar de um cinema que soube manter as suas relações com o fulgor da palavra escrita e os enigmas do melodrama — totalmente clássico, sempre moderno.

  • cinemaxeditor
  • 14 Out 2017 21:54

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