Europeu
Redescobrindo o cinema intimista de Béla Tarr
Béla Tarr, cineasta húngaro, nome marcante da produção europeia das últimas décadas, está de volta ao mercado português através de vários títulos inéditos editados em DVD.
5 Ago 2014 2:45
Há grandes autores da história do cinema que demoram muito tempo a ser descobertos. Entre nós, o húngaro Béla Tarr (n. 1955) foi um desses autores. É certo que, há mais trinta anos, ela foi figura de destaque no Festival da Figueira da Foz. De qualquer modo, só em 2012, com a estreia de “O Cavalo de Turim”, Tarr chegou às salas do circuito comercial português.
Depois disso, vários dos seus títulos mais famosos, incluindo “O Tango de Satanás” (1994) e “As Harmonias de Werckmeister” (2000), foram editados em DVD. Agora, surge uma nova edição, mais precisamente uma caixa com sete títulos, quase todos eles mais antigos:
> “O Ninho Familiar” (1977) — primeira longa-metragem do cineasta, desmontando as tensões internas de uma família marcada pela crise do mercado da habitação.
> “Hotel Magnezit” (1978) — a odisseia de um operário que é despedido do seu trabalho depois de ter sido acusado de um roubo.
> “Relações Pré-Fabricadas” (1982) — retrato de um casal da classe média, residente num bairro social.
> “Macbeth” (1982) — exercício de recriação da peça de Shakespeare, numa produção feita para televisão.
> “Almanaque de Outono” (1984) — uma visão clínica de um grupo de quatro pessoas que partilham um apartamento com a respectiva proprietária.
> “Viagem pela Planície” (1995) — homenagem e retrato do poeta húngaro Sándor Petöfi.
> “Prólogo” (2004) — curta-metragem com que o cineasta contribuiu para o filme de episódios “Visions of Europe” (2004).
Em resumo: do realismo mais austero às formas de simbologia que podem passar por outras linguagens artísticas, sempre fiel a um contido intimismo, Béla Tarr é um exemplo singular de um criador em fascinante equilíbrio entre os particularismos das suas histórias e o seu apelo universal — este conjunto de filmes poderá ajudar a redescobrir aquele que é, afinal, um dos nomes marcantes da produção europeia das últimas décadas.