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Shakespeare, “ma non troppo”
A competição do Festival de Cannes encerrou com "Macbeth", de Justin Kurzel — ficou a desilusão, apesar da participação de actores tão talentosos como Michael Fassbender e Marion Cotillard.
23 Mai 2015 23:54
O menos que se pode dizer de qualquer possível (re)adaptação de "Macbeth" ao cinema é que o seu projecto não pode deixar de se confrontar com algumas memórias fortes. Desde logo, a versão que Orson Welles dirigiu em 1948, mas também a adaptação livre ("Trono de Sangue") assinada por Akira Kurosawa em 1957, ou ainda a abordagem de Roman Polanski em 1971.
A proposta de um novo "Macbeth", assinado pelo australiano Justin Kurzel, parece querer ignorar toda e qualquer referência a esse passado muito rico. É uma opção legítima, mas que acaba por redundar em resultados francamente limitados. Isto porque Kurzel se vai fixando na definição de um "ambiente" de muitos efeitos retóricos (a começar pela utilização gratuita da câmara lenta), típicos de videoclips mais ou menos publicitários.
É pena, claro, quanto mais não seja porque não é todos os dias que se consegue reunir actores tão dotados como Michael Fassbender (Macbeth) e Marion Cotillard (Lady Macbeth). O certo é que a mise en scène quase sempre os reduz a instrumentos "visuais", raras vezes lhes permitindo explorar a riqueza e complexidade do texto de Shakespeare.
Num festival de boa qualidade, mas marcado por algumas desilusões pesadas (em particular na representação francesa), "Macbeth" poderia ter sido um compromisso interessante, algures entre o retorno a um cinema da palavra e uma dimensão espectacular, tendencialmente épica. Tal como as coisas resultaram, a sensação dominante é, infelizmente, de um inglório desperdício.
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