Em 2017, Annette Bening voltou a não ganhar um Oscar — aliás, a sua notável composição em "Mulheres do Século XX" ficou mesmo fora das nomeações. Quando pensamos nos primeiros filmes em que a descobrimos, vem à memória, inevitavelmente, "Beleza Americana", de 1999 — mas vale a pena recuar uma década, portanto até 1989, e recordar esse filme brilhante e muito esquecido que é "Valmont".
Valmont é, evidentemente, o Visconde de Valmont. Ou seja: estamos perante uma adaptação de "As Ligações Perigosas", de Pierre Choderlos de Laclos, essa fascinante rede de paixões, intrigas e ambivalências que retrata a aristocracia francesa em finais do século XVIII, pré-Revolução. Um ano antes, em 1988, uma outra versão, dirigida por Stephen Frears, tinha tido grande sucesso — mas esta versão, intitulada apenas "Valmont", não lhe fica atrás.
No centro da acção, estão os jogos de sedução e crueldade de Valmont e Meurteuil. O visconde de Valmont é Colin Firth, retomando o papel que no filme de Stephen Frears pertencia a John Malkovich. Nesse filme, a Marquesa de Meurteuil era a admirável Glenn Close — no caso de "Valmont", Meurteuil surge interpretada, precisamente, pela igualmente brilhante Annette Bening.
"Valmont" resulta uma espantosa evocação da era barroca, através de um labirinto de paixões intensas e fingimentos passionais que, de uma maneira ou de outra, vão marcar todos os seus protagonistas — apetece dizer, todas as suas marionetas. É um filme com realização do mais improvável dos cineastas: Milos Forman, o autor checo que Hollywood adoptou. Cinco anos antes, em 1984, Forman tinha assinado o popularíssimo "Amadeus" — era magnífico, sem dúvida, mas "Valmont" continua a ser, para muitos, um filme por descobrir.
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cinemaxeditor
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22 Abr 2017 20:21