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Varda por Varda
Com uma trajectória tão pessoal quanto experimental, Agnès Varda construiu uma obra capaz de desafiar as fronteiras tradicionais entre "documentário" e "ficção" — eis algumas memórias da sua trajectória exemplar.
29 Mar 2019 12:15
Se é verdade que a Nova Vaga francesa consagrou um modelo individualista de abordagem do mundo — filmar o mundo é também encenar o eu — Agnès Varda foi um dos casos exemplares, e também mais esquecidos, dessa atitude. Eis 5 títulos para revisitarmos a obra de uma mulher que, de modo singular, soube filmar os enigmas das relações entre homens e mulheres.
* A FELICIDADE (1965) — Inclassificável e perturbante melodrama, é, por certo, um dos títulos mais injustamente esquecidos dos tempos heróicos da Nova Vaga. Encenando uma existência familiar assombrada pela eclosão de desejos sem destino, Varda move-se no interior das ânsias utópicas da década de 60, expondo os seus fantasmas e limites.
* DAGUERRÉOTYPES (1976) — A sedução da imagem fixa (consagrada no primitivismo do título) cruza-se, aqui, com a paixão pela pluralidade humana: Varda filma as pessoas da rua Daguerre, onde viveu, num tom de reportagem sempre indossiciável do apelo poético, porventura fantástico.
* SEM EIRA NEM BEIRA (1985) — Dois anos depois da sua revelação em "Aos Nossos Amores", de Maurice Pialat, Sandrine Bonnaire surgia a interpretar uma jovem vagabunda, num retrato em que a sociologia é superada pela comoção das vibrações interiores — valeu a Bonnaire o César de melhor actriz.
* JACQUOT DE NANTES (1991) — Cerca de um ano depois da morte do marido, Jacques Demy, Varda dedicava-lhe este filme de infinita ternura, revelando traços de uma biografia desde a infância marcada pela intensa sedução do cinema — é também um excelente exemplo do seu gosto pela fusão documentário/ficção.
* AS PRAIAS DE AGNÈS (2008) — Ou como fazer um filme auto-biográfico sem ceder a qualquer facilidade "descritiva". Através dos materiais mais diversos — das fotografias da juventude à encenação de breves episódios paródicos —, Varda celebra as potencialidades expressivas do cinema, contemplando o horizonte das praias, das alegrias vividas e das utopias por viver.
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