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O realizador norueguês Joachim Trier e a atriz Renate Reinsve regressaram ao Festival de Cannes com o drama “Sentimental Value”, ao lado da norte-americana Elle Fanning.

Em 2021, Joachim Trier, de 51 anos, causou sensação com “Julie (em 12 capítulos)”, que conquistou o público com a frescura e forma de captar as alegrias e os tormentos de uma mulher de trinta e poucos anos em Oslo.

O filme valeu a Renate Reinsve o prémio de melhor atriz e uma nomeação para o Óscar.

Na conferência de imprensa na quinta-feira, a atriz norueguesa elogiou os “guiões muito, muito bons” escritos por Trier e pelo seu co-argumentista Eskil Vogt. “São tão sábios e inteligentes, que mergulham na psicologia humana sem julgamentos e com grande cuidado com as personagens”, elogiou.

Em “Sentimental Value” Trier alarga o seu elenco habitual a outras caras conhecidas e decide filmar toda uma família numa casa de madeira tipicamente nórdica. No papel do avô, o ator Stellan Skarsgard interpreta um homem que nunca cuidou verdadeiramente das duas filhas que, entretanto, já são adultas. Uma delas (Inga Ibsdotter Lilleaas) está a criar um filho, a outra (Renate Reinsve), que não tem filhos, tornou-se uma atriz atormentada.

“Já tinha visto filmes de Joachim e perguntava-me quando é que ele me ia telefonar”, disse Stellan Skarsgard. “Pensava que ele conseguia tirar de mim algo que os outros não conseguiam”, acrescentou o ator sueco de 73 anos.

No final, foi um “belo guião” que o cineasta lhe ofereceu. “Perfeito para alguém como eu, que trabalha na indústria cinematográfica e tem muitos filhos”, brincou o pai de oito filhos, entre os quais os também atores Alexander, Gustaf, Bill e Valter Skarsgard.

A sua personagem é acompanhada por uma estrela de língua inglesa, interpretada por Elle Fanning, quase no seu próprio papel. “Não temos muitas estrelas de Hollywood dispostas a protagonizar uma pequena produção norueguesa”, sorriu Joachim Trier numa entrevista à AFP, na quarta-feira.

“Sou uma grande fã” do realizador, explicou a atriz, que fez um desvio pela Noruega entre duas mega-produções, o filme biográfico de Bob Dylan “Um Estranho Perfeito” e o próximo “Predador”, rodado na Nova Zelândia.

“Julie (em 12 capítulos)” é “simplesmente um dos melhores filmes da década, se não mais. É simplesmente perfeito”, acrescentou a irmã de Dakota Fanning. “Quando o Joachim me enviou o guião, chorei e chorei até chegar à última página. É tão comovente”.

Às questões do amor, das relações, do sucesso profissional e da auto-confiança que permeavam a obra anterior do realizador, juntam-se agora as do luto, do suicídio e da paternidade falhada.

Um tom mais sombrio, apesar de alguns toques de humor, que tocou até o realizador, cuja família também vem do mundo do cinema.

“Parece piroso, mas chorei muito a fazer este filme porque fiquei muito comovido”, diz. “Conheço os atores, são meus amigos. Sei que eram metade as suas personagens e metade eles próprios.

  • AFP
  • 22 Mai 2025 15:53

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