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24 Mai 2025

O cineasta iraniano Jafar Panahi recebeu hoje a Palma de Ouro em Cannes pelo seu filme “Um Simples Acidente”. Autorizado a viajar pela primeira vez em 15 anos, o cineasta pode estar em Cannes a apresentar a sua obra e a receber o prémio, anunciado pela presidente do júri, Juliette Binoche.

Panahi foi preso várias vezes devido ao seu cinema desalinhado com as diretrizes estritas da república islâmica.

“Penso que este é o momento de pedir a todas as pessoas, a todos os iranianos, com opiniões diferentes uns dos outros, no Irão, ou em qualquer parte do mundo: ponhamos de lado (…) todos os problemas, todas as diferenças, o mais importante neste momento é o nosso país e a liberdade do nosso país”, declarou ao receber a Palma de Ouro.

Ninguém sabe que destino lhe reservam as autoridades de Teerão após esta décima primeira longa-metragem. Panahi já esteve preso duas vezes no Irão e foi condenado em 2010 a seis anos de prisão e proibido de filmar durante 20 anos.

“A arte mobiliza a energia criativa da parte mais preciosa e mais viva de nós. Uma força que transforma a escuridão em perdão, esperança e vida nova”, disse a presidente do júri, Juliette Binoche, ao anunciar o prémio.

Com este prémio, Panahi passa a integrar o grupo de realizadores que venceu o prémio máximo dos três grandes festivais de cinema europeus: O Urso de Ouro em Berlim, o Leão de Ouro em Veneza, e a Palma de Ouro em Cannes.

“Um Simples Acidente” segue Vahid, interpretado por Vahid Mobasseri, que rapta um homem com uma perna falsa que se parece com aquele que o torturou na prisão e arruinou a sua vida. Vahid decide verificar com outros sobreviventes da prisão que se trata de facto do seu torturador e decidir o que fazer com ele.

O Grande Prémio, o segundo maior prémio depois da Palma de Ouro, foi atribuído a “Sentimental Value” do norueguês Joachim Trier.

“Sîrat”, Oliver Laxe (Espanha) e “Sound of Falling”, Mascha Schilinski (Alemanha) receberam, em conjunto, o terceiro galardão do palmarés, o Prémio do Júri.

Passado durante a ditadura militar brasileira, nos anos 70, “O Agente Secreto” sai de Cannes com dois prémios, melhor realização para Kléber Mendonça Filho e interpretação masculina para Wagner Moura.

Nadia Melliti, atriz francesa, recebeu o prémio de melhor atriz pelo papel em “La Petite Dèrniere”, de Hafsia Herzi e ao chinês Bi Gan foi entregue um prémio especial por “Resurrection”.

Prémios da Competição Cannes 2025

Palma de Ouro
“It Was Just an Accident”, Jafar Panahi (Irão)

Grande Prémio
“Sentimental Value”, Joachim Trier (Noruega)

Prémio do Júri
“Sîrat”, Oliver Laxe (Espanha)
“Sound of Falling”, Mascha Schilinski (Alemanha)

Melhor Ator
Wagner Moura (Brasil), “O Agente Secreto”

Melhor Atriz
Nadia Melliti (França), “La Petite Dèrniere”

Melhor Realização
Kléber Mendonça Filho (Brasil), “O Agente Secreto”

Melhor Argumento
“Jeunes Mères”, Jean-Pierre Dardenne e Luc Dardenne (Bélgica)

Prémio Especial
“Resurrection”, Bi Gan (China)

Câmara de Ouro (melhor primeira obra exibida no festival)
“The President’s Cake”, Hasan Hadi (Iraque)
Menção especial: “My Father’s Shadow”, Akinola Davies Jr. (Nigéria)

Palma de Ouro Curta-metragem
“I’m Glad You’re Dead Now”, Tawfeek Barhom (Palestina)
Menção especial: “Ali”, Adnan Al Rajeev (Bangladesh)

  • CINEMAX - RTP c/ agências
  • 24 Mai 2025 19:02

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